
O Brasil enfrenta uma nova crise no setor agropecuário após a confirmação de um foco de gripe aviária em uma granja comercial no estado do Rio Grande do Sul. Em resposta ao episódio, três dos principais destinos da carne de frango brasileira — China, União Europeia e Argentina — decidiram suspender temporariamente as importações do produto.
A notificação foi feita após exames laboratoriais confirmarem a presença do vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) em uma criação localizada no município de Marau, no norte gaúcho. Esta é a primeira vez que o vírus é detectado em um plantel comercial no país, o que acendeu o alerta em mercados internacionais que adotam protocolos sanitários rígidos.
A suspensão por parte da China, principal compradora do frango brasileiro, representa um forte impacto para o agronegócio nacional. Em 2024, o país asiático foi responsável por mais de 20% das exportações de carne de frango do Brasil. A União Europeia e a Argentina, que também mantêm laços comerciais importantes com o setor avícola brasileiro, adotaram medidas semelhantes, alegando a necessidade de proteção sanitária e prevenção da disseminação do vírus.
Autoridades brasileiras intensificam medidas de contenção
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que está atuando em conjunto com a Defesa Agropecuária do Rio Grande do Sul para isolar a área afetada, eliminar os animais infectados e monitorar todas as granjas em um raio de 10 quilômetros. A pasta reforçou que o consumo de carne e ovos não oferece risco à saúde humana, desde que os produtos sejam devidamente preparados e cozidos.
Em nota, o governo brasileiro reiterou que segue os protocolos internacionais estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e que já comunicou oficialmente o caso aos países parceiros. As autoridades esperam que a suspensão das exportações seja pontual e restrita ao estado afetado, evitando um embargo mais amplo à produção nacional.
Setor avícola teme prejuízos bilionários
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) demonstrou preocupação com as repercussões econômicas da suspensão. Segundo a entidade, o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo e mantém elevados padrões de biossegurança. Ainda assim, o registro do primeiro foco em granja comercial coloca em risco a reputação internacional do país como fornecedor confiável.
O setor teme perdas bilionárias, principalmente se outros países seguirem a decisão de suspender as importações. Estados como Paraná, Santa Catarina e São Paulo, que concentram a maior parte da produção avícola, estão em alerta e reforçando as medidas de prevenção.
Monitoramento e transparência
Especialistas defendem que a transparência das informações e a rápida resposta do Brasil podem ser determinantes para a retomada da confiança internacional. O país já vinha registrando casos da gripe aviária em aves silvestres desde 2023, mas até então mantinha-se livre da doença em granjas comerciais.
Com o novo cenário, o Brasil poderá enfrentar um período de maior vigilância sanitária e exigências mais rígidas dos importadores. A expectativa é de que, com a contenção eficaz do surto, as exportações sejam retomadas gradualmente nas próximas semanas.