18 junho 2025

Ex-comandante da FAB confirma ao STF reuniões e plano de golpe durante governo Bolsonaro

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O ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro do ar Carlos Baptista Júnior, confirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que participou de reuniões com o então presidente Jair Bolsonaro e outros integrantes das Forças Armadas, nas quais foi discutida a possibilidade de um golpe de Estado. A declaração foi dada em depoimento no âmbito das investigações conduzidas pela Polícia Federal sobre a tentativa de subversão do regime democrático após as eleições de 2022.

De acordo com fontes ligadas ao processo, Baptista Júnior relatou que houve elaboração de uma minuta de decreto que previa a anulação do resultado das eleições presidenciais e a convocação de novas eleições sob supervisão das Forças Armadas. O documento também mencionava o uso do chamado “estado de defesa” como instrumento jurídico para justificar a intervenção.

O ex-comandante da FAB confirmou que foi convocado a reuniões no Palácio do Planalto com a presença de Bolsonaro, além de representantes do Exército e da Marinha. Segundo ele, o conteúdo das conversas envolvia diretamente a ideia de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em um movimento que seria respaldado por ações institucionais e militares.

Baptista Júnior também afirmou que, apesar da pressão sofrida, não apoiou a execução do plano e se opôs ao uso das Forças Armadas para fins políticos. Sua resistência, segundo o depoimento, teria sido compartilhada por outros oficiais da Aeronáutica, o que contribuiu para o fracasso da articulação.

O depoimento é considerado um dos mais relevantes até agora no inquérito do STF, pois envolve uma alta patente militar que testemunhou diretamente os bastidores das intenções golpistas. A Procuradoria-Geral da República avalia que as informações prestadas reforçam a suspeita de que houve, de fato, uma tentativa de ruptura institucional articulada dentro do próprio governo federal.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, determinou que as investigações prossigam com o aprofundamento de diligências e a convocação de outros militares e ex-ministros ligados ao núcleo próximo de Bolsonaro. A Polícia Federal também analisa mensagens e documentos apreendidos que, segundo os investigadores, demonstram o avanço das tratativas para a tentativa de golpe.

Parlamentares da oposição cobraram que as apurações sejam conduzidas com rigor e que todos os envolvidos sejam responsabilizados. Já aliados do ex-presidente Bolsonaro classificaram os depoimentos como “narrativas forjadas” e reforçaram que não houve qualquer ação ilegal por parte do governo anterior.

O clima político em Brasília voltou a se intensificar com a revelação do depoimento. Movimentos sociais e entidades em defesa da democracia têm se mobilizado para acompanhar de perto os desdobramentos do caso, enquanto setores militares demonstram preocupação com a imagem das Forças Armadas diante da opinião pública.

O caso reacende o debate sobre o papel das instituições militares no cenário político e a necessidade de preservar a Constituição frente a possíveis ameaças autoritárias. O STF segue à frente das apurações, com previsão de novas oitivas nos próximos dias e possível apresentação de denúncia formal contra os envolvidos até o segundo semestre.

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