Três vidas salvas por um ato de amor
O procedimento foi conduzido com agilidade pela Central Estadual de Transplantes do Acre, vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), e realizado na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), em Rio Branco. Foram doados dois rins e uma córnea, beneficiando diretamente três pacientes que aguardavam na fila por um transplante.
Segundo a equipe médica responsável, os receptores estavam em estado de saúde delicado e apresentaram melhora considerável após os procedimentos. “Esses órgãos representam muito mais que uma chance de vida. Representam esperança e continuidade. É uma dádiva para quem recebe”, destacou a coordenadora estadual de transplantes, Dra. Miriam dos Santos.
A importância da decisão familiar
No Brasil, a doação de órgãos só pode ocorrer com autorização da família, mesmo que a pessoa tenha expressado esse desejo em vida. Por isso, é fundamental que o tema seja discutido entre parentes, para que, em um momento crítico, os familiares se sintam seguros e confortáveis em tomar essa decisão.
No caso acreano, a família optou por autorizar a doação como forma de homenagear a generosidade da pessoa falecida. “Era alguém que sempre ajudava os outros. Sabíamos que, se pudesse, ele escolheria fazer o bem até o fim. Por isso, dissemos sim à doação”, relatou um familiar, emocionado.
Avanços e desafios no Acre
Nos últimos anos, o Acre tem avançado no campo dos transplantes, mas o desafio ainda é grande. A estrutura hospitalar especializada, a logística para transporte de órgãos e, principalmente, a conscientização da população são pontos-chave para o sucesso do sistema.
A Central de Transplantes do estado tem investido em capacitação de profissionais e campanhas de informação, com foco em humanização e acolhimento das famílias doadoras. “Trabalhamos para que esse gesto de amor seja compreendido e incentivado. Cada doador pode salvar até oito vidas”, ressalta a gestora da Sesacre.
Atualmente, mais de 200 pessoas estão na fila de espera por um transplante apenas na região Norte, segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes. No Acre, a fila por córneas e rins ainda é significativa, e muitos pacientes dependem dessa autorização familiar para ter uma nova chance.
Conscientizar é salvar vidas
Especialistas reforçam que a doação de órgãos é um dos maiores atos de solidariedade que uma pessoa pode praticar. Ela só é possível graças à generosidade de famílias que, mesmo em meio à dor, decidem estender a vida de outros. Por isso, é essencial conversar com parentes sobre o desejo de ser doador.
Médicos e equipes multiprofissionais também têm papel importante nesse processo. Um atendimento humanizado, claro e acolhedor pode ajudar famílias enlutadas a compreenderem a importância de sua decisão.
Como ser um doador
No Brasil, não é necessário deixar por escrito que deseja doar órgãos. Basta comunicar sua família. A doação pode ocorrer em casos de morte encefálica, situação em que todos os órgãos vitais ainda estão funcionando por aparelhos, e o cérebro já não apresenta atividade.
A recomendação dos profissionais da saúde é clara: “Fale com sua família hoje. Diga que você deseja ser doador. Esse simples gesto pode mudar o destino de muitas vidas”.
Conclusão
A decisão dessa família acreana não apenas salvou três vidas, mas também fortaleceu a rede de solidariedade e humanização no estado. Em um país onde milhares ainda aguardam por um transplante, ações como essa mostram que é possível transformar dor em esperança, e a perda em um legado de vida.