O Via Verde Shopping, em Rio Branco, foi palco neste sábado (31) da edição 2025 do Feirão do Imposto, evento de alcance nacional que tem como foco principal conscientizar a população sobre a elevada carga tributária no Brasil e seus impactos diretos no dia a dia dos consumidores. Com o tema “Menos siglas, mais impostos? No final, a conta é sua”, a ação buscou despertar o senso crítico da sociedade acreana quanto à destinação e retorno dos tributos pagos.

Organizado pela Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje) e promovido localmente por instituições como a Associação Comercial, Industrial, de Serviço e Agrícola do Acre (Acisa), o Feirão apresentou uma série de atividades educativas, como a distribuição de materiais informativos e demonstrações práticas de como os tributos estão presentes nos preços de diversos produtos do cotidiano.

Durante o evento, itens considerados essenciais na mesa do brasileiro, como arroz, feijão, açúcar e produtos de higiene pessoal, foram expostos com destaque para os percentuais de impostos embutidos em seus valores. Em muitos casos, os tributos chegam a representar mais de 30% do valor final pago pelo consumidor. A proposta foi mostrar, de forma clara e acessível, o quanto o cidadão contribui com o Estado em cada compra realizada.
A presidente da Acisa, Patrícia Dossa, reforçou a importância de ampliar o debate sobre o sistema tributário brasileiro e destacou que o país possui mais de 90 tipos de tributos, entre impostos, taxas e contribuições. “É fundamental que a população entenda o quanto paga de impostos e, mais do que isso, cobre o retorno desses valores em forma de saúde, educação, segurança e infraestrutura”, afirmou.

Segundo dados atualizados do Impostômetro, ferramenta que mede em tempo real o valor arrecadado pelos governos, os acreanos já pagaram mais de R$ 2,1 bilhões em tributos nos primeiros quatro meses de 2025. A projeção para o fim do ano é que esse montante chegue à casa dos R$ 6,4 bilhões. Apesar da alta arrecadação, muitos moradores alegam que os serviços públicos oferecidos estão aquém do esperado.
Presente no evento, o deputado estadual Emerson Jarude (Novo) criticou a má aplicação dos recursos públicos e defendeu a revisão dos gastos do governo. “O problema não é a quantidade de impostos pagos, mas sim a ineficiência na gestão desses recursos. A população precisa ser beneficiada com serviços de qualidade, principalmente os mais pobres, que são os mais impactados por essa carga tributária”, declarou o parlamentar.
Além da crítica à carga tributária elevada, o Feirão do Imposto também levantou reflexões sobre a reforma tributária em andamento no país, a complexidade do sistema atual e a necessidade de maior transparência por parte dos entes públicos. Para os organizadores, mais do que informar, o evento tem o papel de mobilizar a sociedade para que cobre dos governantes políticas públicas mais eficazes e justas.
Outro ponto destacado foi o peso da burocracia tributária sobre pequenos empreendedores, que muitas vezes enfrentam dificuldades para manter a regularidade fiscal devido à quantidade de obrigações acessórias e à falta de clareza nas legislações. A proposta de um sistema mais simples e equitativo foi defendida por diversos participantes.
Ao final do Feirão, ficou evidente a urgência de ampliar o diálogo entre a população, a classe empresarial e os gestores públicos para que a arrecadação de tributos seja acompanhada por investimentos eficientes e coerentes com as necessidades reais da sociedade acreana. A mensagem central do evento foi clara: o contribuinte não pode ser apenas pagador de impostos, mas também fiscal e agente de transformação.