As principais bolsas de valores do mundo encerraram a semana em queda após o ex-presidente Donald Trump reacender a guerra comercial, desta vez mirando a União Europeia e grandes empresas de tecnologia. O movimento gerou turbulência nos mercados e arrastou para baixo os índices de Wall Street e da Europa.
Trump anunciou que, a partir de 1º de junho, os Estados Unidos vão aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos importados da União Europeia. O bloco é o maior parceiro comercial dos EUA, movimentando cerca de US$ 1 trilhão por ano. Segundo o republicano, a medida é uma resposta às supostas barreiras comerciais impostas pelos europeus.
“Não estou buscando um acordo. O acordo já está feito: é uma tarifa de 50%. Mas, se eles construírem fábricas aqui, não haverá tarifas”, declarou Trump, reafirmando sua política de incentivo à produção doméstica.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, admitiu que a decisão pode prejudicar as negociações, mas disse esperar que a pressão leve os europeus a adotar uma postura mais flexível. “As propostas até agora não foram favoráveis. Vamos ver se isso muda o cenário”, afirmou.
Em Bruxelas, a resposta foi de prudência. O responsável pelas políticas comerciais da União Europeia, Maroš Šefčovič, disse que o bloco está pronto para se defender, mas que qualquer avanço precisa ocorrer com “respeito mútuo”.
Além das tarifas sobre produtos europeus, Trump ameaçou impor um imposto de 25% sobre smartphones de empresas como Apple e Samsung, caso esses produtos continuem sendo fabricados fora dos EUA. Analistas alertam que, caso a produção seja transferida para território americano, os custos podem disparar e afetar diretamente os consumidores.
A reação dos mercados foi imediata. A Nasdaq, com forte presença de empresas de tecnologia, caiu com destaque para as ações da Apple, que recuaram 3%. O índice, junto com o Dow Jones, teve sua pior semana em mais de um mês. O índice S&P 500 também encerrou em baixa.
Na Europa, os principais mercados fecharam no vermelho. A bolsa de Londres (FTSE 100), o índice alemão DAX e o Stoxx 600, que reúne ações de várias bolsas europeias, recuaram com o temor de retaliações comerciais.
O dólar também sentiu os efeitos da incerteza: o índice que mede seu desempenho frente às principais moedas caiu 0,8%, maior queda diária em um mês. Já o ouro, tradicional refúgio em tempos de instabilidade, subiu 2%.
A nova ofensiva comercial de Trump reacende tensões que haviam se acalmado nos últimos anos e lança dúvidas sobre os rumos do comércio internacional em meio à aproximação das eleições presidenciais americanas.
