9 junho 2025

MPF do Acre aciona a União por bullying contra alunos LGBTQIA+ e cobra R$ 5 milhões em indenização

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O Ministério Público Federal no Acre (MPF-AC) entrou com uma ação civil pública contra a União, pedindo o pagamento de R$ 5 milhões por danos morais coletivos causados a estudantes LGBTQIA+ vítimas de bullying nas escolas brasileiras. O valor, segundo o MPF, deve ser investido em ações educativas voltadas à proteção dessa população.

Além da indenização, o órgão solicita que o governo federal elabore e implemente, com urgência, uma política pública específica para prevenir e combater o bullying LGBTfóbico. A ação é assinada pelo procurador da República Lucas Costa Almeida Dias, coordenador nacional do Grupo de Trabalho “População LGBT” da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.

Procurador da República Lucas Costa Almeida Dias, do MPF-AC — Foto: Reprodução

O MPF também pede que a União faça um ato público de pedido de desculpas aos alunos LGBTQIA+ que já foram vítimas de violência nas escolas. O objetivo é reconhecer a omissão do Estado diante de um problema que, segundo o procurador, contribui diretamente para o adoecimento mental, evasão escolar e até casos de suicídio entre jovens.

“As escolas precisam ser espaços seguros e inclusivos. A ausência de uma política nacional voltada ao enfrentamento da LGBTfobia no ambiente escolar mantém esses alunos em situação de vulnerabilidade”, destacou o procurador.

Entre as medidas urgentes, o MPF solicita a criação de um grupo de trabalho em até 120 dias, com participação da sociedade civil, especialistas em educação, representantes LGBTQIA+, Ministério da Educação, Secretaria de Direitos LGBTQIA+ e o Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+. O grupo deve discutir a criação de um plano nacional de enfrentamento ao bullying LGBTfóbico nas escolas.

O Ministério Público quer ainda que a Secretaria Nacional de Direitos LGBTQIA+ realize uma audiência pública, em até 180 dias, para contribuir na elaboração desse plano. A política nacional deve incluir capacitação de professores, produção de materiais pedagógicos, campanhas educativas, canais de denúncia e acolhimento para vítimas.

Além disso, o MPF propõe que sejam publicados relatórios bimestrais sobre casos de bullying nas escolas, com divulgação no site do Ministério da Educação.

De acordo com a ONG SOS Bullying, o bullying está presente em 100% das escolas do Brasil. Já a organização Bullying Sem Fronteiras aponta que o país ocupa o 4º lugar no mundo em número de casos. A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) revela que:

  • 73% dos estudantes LGBTQIA+ já sofreram agressões verbais por orientação sexual;

  • 27% foram vítimas de agressões físicas pelo mesmo motivo;

  • 68% relataram agressões verbais por identidade de gênero;

  • 25% também sofreram agressões físicas relacionadas à identidade de gênero.

  • Foto: Reprodução

Em nota à GloboNews, o Ministério da Educação (MEC) reconheceu a gravidade do problema e reafirmou seu compromisso com a promoção de um ambiente escolar seguro e livre de preconceito. A pasta informou que já vem desenvolvendo ações de capacitação e publicações temáticas para educadores, além de apoiar cursos e formações em parceria com universidades federais.

O MEC também destacou o lançamento do Programa Escola que Protege, voltado à prevenção da violência nas escolas, e a criação de um grupo técnico para estudar políticas de enfrentamento ao bullying e à discriminação.

A pasta disse ainda que materiais como cartilhas, vídeos e cursos online já estão disponíveis em seu site, e que manterá diálogo com entidades da sociedade civil para fortalecer as ações de proteção a crianças e adolescentes.

Informações via G1 Acre.

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