21 maio 2025

Operação combate exploração de animais silvestres usados para fotos com turistas

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Uma operação conjunta entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) e o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), realizada nesta semana, resultou no resgate de diversos animais silvestres que estavam sendo explorados ilegalmente para fotos com turistas em pontos turísticos e áreas de lazer em cidades como Rio Branco, Xapuri e Cruzeiro do Sul.

A investigação, iniciada após denúncias anônimas, revelou que os animais eram capturados irregularmente em áreas de floresta e mantidos em condições inadequadas por moradores que os utilizavam como “atração” para visitantes. Bicho-preguiça, cobras jiboia e araras foram encontrados em situação de estresse, desnutrição e maus-tratos.

De acordo com os agentes envolvidos na ação, os suspeitos abordavam turistas oferecendo a oportunidade de segurar ou tirar fotos com os animais por uma quantia em dinheiro. A prática, além de ilegal, representa uma grave ameaça à saúde dos animais e à preservação das espécies.

Impactos da prática ilegal

Os biólogos que participaram da operação afirmaram que o contato constante com humanos pode causar estresse profundo nos animais silvestres, além de expô-los a doenças. “O bicho-preguiça, por exemplo, é extremamente sensível ao toque humano. Ao ser forçado a interações repetidas, ele sofre alterações no metabolismo que podem levá-lo à morte”, explicou a bióloga Carla Mendonça, integrante da equipe de resgate.

Outro problema apontado pelas autoridades é o estímulo à captura ilegal de animais da fauna brasileira, que contribui diretamente para o tráfico de espécies — um crime ambiental com penalidades severas previstas em lei.

“A cada animal exibido, pode haver dezenas que morreram no processo de captura ou transporte. Essa prática fomenta uma cadeia cruel e silenciosa”, afirmou o tenente Francisco Ramos, do Batalhão de Policiamento Ambiental.

Ações da operação

Durante a operação, foram resgatados mais de 15 animais, que foram encaminhados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), onde receberão cuidados veterinários e, quando possível, serão reintroduzidos em seu habitat natural. Os responsáveis foram detidos e devem responder por crimes ambientais, podendo pegar penas de até 5 anos de prisão, além de multa por cada animal apreendido.

As abordagens ocorreram em locais com alto fluxo de visitantes, como parques urbanos, feiras e mirantes. Em muitos casos, os exploradores se disfarçavam de guias turísticos ou ambulantes para atrair os turistas desavisados.

A importância da conscientização

A operação também teve um caráter educativo. Materiais informativos foram distribuídos à população e aos visitantes, alertando sobre os riscos de tirar fotos com animais silvestres. De acordo com o Ibama, turistas muitas vezes participam dessas ações sem saber que estão contribuindo com o crime ambiental.

“É fundamental que a população e os visitantes saibam que esse tipo de interação não é inofensiva. Por trás de uma simples foto há sofrimento, captura ilegal e um desequilíbrio ambiental que atinge toda a sociedade”, enfatizou a presidente do Imac, Ana Paula da Silva.

Medidas futuras

As autoridades ambientais pretendem intensificar a fiscalização em pontos turísticos e expandir as ações de combate à exploração de animais silvestres em todo o estado. Uma linha direta de denúncias foi criada para facilitar a comunicação entre cidadãos e órgãos fiscalizadores.

Além disso, o governo do Acre deve lançar uma campanha educativa voltada ao turismo sustentável, com foco em proteger a fauna nativa e valorizar práticas que respeitem a biodiversidade amazônica.

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