Nesta terça-feira (13), servidores das forças de segurança pública do Acre realizaram manifestações simultâneas em Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Os protestos, que reuniram policiais civis, militares, penais e bombeiros, tiveram como objetivo principal cobrar do governo estadual a recomposição geral anual (RGA) dos salários, além da valorização do banco de horas e de outras pautas voltadas à melhoria das condições de trabalho.
Na capital acreana, os manifestantes se concentraram inicialmente em frente à Casa Civil. Em seguida, seguiram em caminhada até a Assembleia Legislativa do Estado. A mobilização chamou a atenção pelo caráter unificado, reunindo categorias que, tradicionalmente, atuam em frentes distintas, mas que desta vez se uniram em prol de reivindicações comuns.
Entre as principais queixas dos servidores está a defasagem salarial acumulada ao longo dos anos. Representantes sindicais destacaram que a última negociação salarial efetiva com o governo ocorreu há cerca de dez anos, período durante o qual os salários perderam mais de 20% do poder de compra devido à inflação. Eles frisaram que não se trata de aumento salarial, mas sim de uma reposição legítima, prevista na legislação.
Rafael Dinis, presidente do Sindicato dos Policiais Civis, enfatizou que a recomposição salarial é um direito básico e constitucional dos servidores públicos. Segundo ele, a união das categorias é uma resposta à demora do governo em atender as pautas que vêm sendo debatidas há anos.
Outro ponto de destaque nas reivindicações é a desoneração do banco de horas e a reavaliação do valor da hora extra. Servidores alegam que a forma atual de compensação é injusta e insuficiente, prejudicando os profissionais que, muitas vezes, extrapolam suas jornadas em prol da segurança da população.
Em Cruzeiro do Sul, os policiais civis também se mobilizaram. Embora não tenham feito uma paralisação total, os profissionais se reuniram em frente à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e de Proteção à Criança e ao Adolescente como forma de apoio ao movimento em Rio Branco. As unidades seguiram funcionando normalmente, com o efetivo completo, mas os servidores fizeram questão de marcar presença no ato, demonstrando solidariedade e força coletiva.
A diretora regional do Sindicato dos Policiais Civis do Vale do Juruá, Damila Pereira, explicou que a mobilização é pacífica e representa uma tentativa de sensibilizar o governo para o atendimento das demandas, antes que medidas mais drásticas sejam consideradas. Ela ressaltou que os policiais do interior estão dispostos a intensificar as ações caso o diálogo não avance.
A mobilização desta terça-feira também contou com a participação de servidores aposentados, que afirmam estar entre os mais afetados pela defasagem dos vencimentos, sem qualquer tipo de reajuste proporcional nos últimos anos.
Os líderes sindicais afirmam que esperam uma resposta concreta do governo nos próximos dias. Caso contrário, novas manifestações poderão ser organizadas na próxima semana, com maior abrangência e possíveis paralisações de atividades, sempre respeitando os limites da legalidade e da responsabilidade com o serviço público.
A ação unificada dos profissionais da segurança pública evidencia o nível de insatisfação com a atual política salarial e reforça o clamor por respeito e valorização. Em meio aos desafios diários enfrentados nas ruas, delegacias e quartéis, os servidores dizem que agora é hora de lutar por dignidade e reconhecimento.