Após dois dias de conclave, a tão esperada fumaça branca emergiu da chaminé da Capela Sistina na tarde desta quinta-feira (8), anunciando a eleição do novo papa. O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi escolhido como o 268º pontífice da Igreja Católica e adotará o nome Leão 14.
Nascido em Chicago, nos Estados Unidos, Prevost se torna o primeiro papa oriundo de um país de maioria protestante – um marco histórico para a Igreja. Apesar de sua origem, ele construiu grande parte de sua trajetória religiosa na América Latina, especialmente no Peru, onde se destacou em diversas funções pastorais e administrativas.
Antes de sua eleição, Prevost ocupava dois dos cargos mais importantes do Vaticano: prefeito do Dicastério para os Bispos, responsável pela nomeação de bispos em todo o mundo, e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina.
Com perfil discreto e voz serena, é visto como um reformista moderado, alinhado com as diretrizes de abertura promovidas por seu antecessor, o papa Francisco. Formado em teologia pela União Teológica Católica de Chicago, Prevost também possui doutorado em direito canônico pela Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma.
Trajetória missionária na América Latina
Aos 22 anos, Prevost ingressou na vida religiosa e, cinco anos depois, foi ordenado padre. Em 1984, iniciou seu trabalho missionário no Peru, onde passou uma década atuando em comunidades carentes, mesmo durante o turbulento governo de Alberto Fujimori. Nesse período, defendeu os direitos humanos e chegou a cobrar desculpas públicas pelas violações cometidas.
Em 2014, foi nomeado administrador da Diocese de Chiclayo, onde foi ordenado bispo. Durante seus nove anos no cargo, enfrentou uma das maiores crises de sua trajetória. Em 2023, foi acusado de acobertar casos de abuso sexual cometidos por dois padres no Peru. Segundo as denúncias, Prevost teria sido alertado em 2020, mas só formalizou o caso ao Vaticano em 2022. Um dos padres foi afastado preventivamente e o outro já havia deixado as funções por questões de saúde. A diocese nega qualquer acobertamento e a investigação ainda está em curso no Vaticano.
O conclave que elegeu Prevost começou na quarta-feira (7), com a participação de 133 cardeais – incluindo sete brasileiros. Após três rodadas de votação com “fumaça preta”, a decisão final veio na tarde desta quinta-feira, após uma quarta rodada que selou a escolha de Leão 14.
Prevost assume a liderança de uma Igreja em constante transformação, com desafios que vão desde a crise de vocações até o fortalecimento do diálogo inter-religioso e a reforma interna da Cúria Romana.