Em plena crise econômica e social, em um país onde a inflação corrói salários e o desemprego aperta lares, senadores e deputados aceleram a votação de um projeto que infla o Congresso — e o bolso do brasileiro.
Na próxima quarta-feira (25), Brasília deve carimbar a aprovação de 18 novas cadeiras na Câmara dos Deputados, drenando dos cofres públicos cerca de R$ 64 a R$ 65 milhões por ano em salários, benefícios e gabinetes. Esse valor é apenas o começo: não contempla as verbas de gabinete e emendas extras, cujo impacto financeiro pode explodir ainda mais este custo já exorbitante .
E para quê? O Congresso precisa cumprir determinação do STF que exigia nova divisão proporcional de vagas com base no Censo de 2022 até 30 de junho. Poderia ter simplificado: realocar cargos de estados que encolheram populacionalmente para aqueles que cresceram. Mas não: optou-se por criar 18 cadeiras extras — benefício exclusivo para deputados, sem o menor risco de perder espaço político em seus estados.
E o que a população acha disso? Pesquisa Datafolha revela que 76% dos brasileiros são contra esse aumento — apenas 20% aprovam. O sentimento é claro: o aumento de gastos em meio à carestia soa como um tapa na cara do povo.
Enquanto isso, pautas cruciais como reforma tributária, PECs sociais, políticas de saúde e educação ficaram paradas, encalhadas em comissões e em meio ao jogo político. Ou alguém acha que os mesmos deputados levantariam bandeiras populistas na campanha para reformar o sistema tributário ou defender segurança pública?
Esse é o modus operandi clássico: antes da eleição, são campeões de palanque, prometem resolver tudo; depois de eleitos, ignoram o interesse público, aceleram manobras para se beneficiar, protegem seus pares e desdenham dos anseios populares. O episódio da redistribuição é um claro símbolo: eles não querem perder força política, mesmo que isso custe caro ao país.
Quem arcará com essa conta?
Você. Eu. Todos os brasileiros. Enquanto a disparidade social cresce, o Congresso inchado vira refém de deputados que visam longevidade política, não solucionar problemas reais — desemprego, saúde precária, educação estagnada, falta de infraestrutura.
É quase um mantra hipócrita: “não haverá aumento de custo, pois já está previsto no orçamento” . Ora, se estava previsto, por que adiar? Por que acelerar na véspera do prazo? Porque é jogo de sobrevivência: manter poder, mais tempo, mais dinheiro, sem perder nada. Emendas novas, mais gabinetes, mais aliados.
A verdade crua
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Custaremos R$ 60+ milhões anuais só para ampliar essa estrutura — e conte ainda as emendas, que podem elevar o prejuízo;
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A maioria da população repudia, mas os parlamentares seguem adiante;
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Pautas de real importância — impostos, emprego, saúde, educação — seguem em marcha lenta;
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Deputados e senadores priorizam a própria sobrevivência política, não o interesse nacional.
O que devemos exigir?
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Revisão imediata dessa manobra: que redistribuam as cadeiras existentes, sem aumentar a despesa;
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Pressão popular, pois só a mobilização das ruas obriga mudanças;
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Cobrança constante por prioridade: enquadrar os parlamentares que “viram à página do interesse público” apenas em discurso de eleição.
O Congresso acaba de mostrar que sua maior prioridade é o próprio umbigo — e não há cláusula de rescisão para a sociedade. A conta estará no seu imposto, na sua escola, no seu hospital. Cabe a nós, cidadãos, lembrar quem paga a fatura.
Por Sorriso Show
Jornalista e Editor Chefe