
O Acre segue avançando na área da saúde e se destaca no cenário nacional com o aumento no número de transplantes realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nesta semana, a Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), em Rio Branco, marcou um feito inédito ao realizar o primeiro transplante de tecido ósseo do estado — um marco histórico para a medicina local.
A cirurgia de alta complexidade foi realizada no dia 3 de junho, com apoio técnico do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), do Rio de Janeiro. No mesmo dia, um segundo procedimento também foi feito, demonstrando a capacidade da equipe acreana em executar esse tipo de operação com autonomia e qualidade.
A primeira paciente a receber o transplante ósseo foi Nerian Brito, 45 anos, vítima de um grave atropelamento em 2014. Após anos de dor e mobilidade limitada, ela agora tem a chance de recuperar parte da sua qualidade de vida. “O sonho da minha filha é poder caminhar comigo. Agora, com essa cirurgia feita aqui mesmo no Acre, isso vai ser possível”, relatou emocionada.

Desde que começou a realizar transplantes, o Acre já soma 543 procedimentos: 333 de córnea, 105 de rim, 103 de fígado e agora 2 de tecido ósseo. Apenas em 2024, foram 62 transplantes no estado. Em 2025, já são 16 realizados até o momento.
O governador Gladson Cameli visitou a equipe da Fundhacre e parabenizou os profissionais pelo avanço. “Estamos colhendo os frutos de um trabalho contínuo em estrutura, capacitação e parcerias. Cada transplante é uma vida transformada e um passo a mais para uma saúde pública mais justa e eficiente”, destacou.
O secretário de Saúde do Estado, Pedro Pascoal, também comemorou os resultados. “Nosso objetivo é garantir que os acreanos tenham acesso a tratamentos de alta complexidade aqui mesmo, sem precisar sair do estado. Estamos qualificando profissionais e investindo para que o SUS funcione na ponta”, afirmou.
A presidente da Fundhacre, Sóron Steiner, reforçou a importância do momento. “Cada transplante é uma vitória. Ver o Acre alcançar esse patamar na área de saúde mostra que estamos no caminho certo”, disse.
Crescimento expressivo nos últimos anos

Os números mostram um crescimento relevante em todas as frentes. Os transplantes de fígado, por exemplo, somaram 18 em 2023, 16 em 2024 e já chegam a 7 em 2025. Os de rim passaram de 4 em 2024 para 5 em 2025 até junho. Já os de córnea saltaram de apenas 6 em 2023 para 42 em 2024. Em 2025, foram 2 até agora.
A coordenadora do Serviço de Transplantes da Fundhacre, Valéria Monteiro, destaca que o impacto é muito mais que técnico. “Cada paciente tem uma história. O transplante transforma a vida de toda uma família. É preciso sensibilidade e muito preparo para que tudo aconteça com segurança”, disse.
O avanço no Acre acompanha o bom momento do país. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil realizou mais de 30 mil transplantes em 2024 — o maior número da história do SUS, com crescimento de 18% em relação a 2022. Entre as novidades estão a implantação da Prova Cruzada Virtual, que agiliza o encontro de doadores compatíveis; uma nova regionalização para distribuição de órgãos; e o ProDOT, programa que aprimora a abordagem das famílias de possíveis doadores.
Apesar dos avanços, a resistência de famílias ainda é um desafio. Das 88 abordagens feitas no Acre em 2024, 44 foram recusadas — metade dos casos. A recusa impede a doação, mesmo que a pessoa tenha desejado doar em vida. Por isso, autoridades reforçam a importância de conversar com os familiares sobre o desejo de ser doador.
Acre no centro das transformações
Cada transplante envolve uma complexa rede de profissionais — cerca de 30 diretamente e até 300 indiretamente. Isso mostra o tamanho da estrutura necessária para que o SUS funcione de forma efetiva. O governo do Acre, por meio da Sesacre e da Fundhacre, segue empenhado em oferecer à população acesso a tratamentos cada vez mais modernos e humanizados.
O que antes era possível apenas fora do estado, agora está ao alcance dos acreanos — e com resultados que colocam o Acre entre os protagonistas da saúde pública na Região Norte.