A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta de segurança sobre um efeito colateral muito raro associado ao uso do Ozempic e de outros medicamentos à base de semaglutida, como o Rybelsus e o Wegovy, todos produzidos pela farmacêutica Novo Nordisk.
A agência determinou a inclusão da neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (Noiana) nas bulas desses remédios. Essa condição pode causar perda súbita de visão e, segundo a Anvisa, exige atenção imediata.
O que é a Noiana?
A Noiana é uma lesão no nervo óptico provocada por uma interrupção no fluxo de sangue na região, o que pode comprometer a visão. Embora rara, é uma condição grave e potencialmente irreversível.
Ela costuma afetar pessoas acima dos 50 anos, especialmente aquelas com fatores de risco como:
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Diabetes
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Hipertensão arterial
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Tabagismo
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Aterosclerose
Segundo o Manual MSD, a perda de visão causada pela Noiana é geralmente rápida, indolor e afeta apenas um olho.
O que diz a Anvisa
Em comunicado, a Anvisa orienta que profissionais de saúde informem seus pacientes sobre o risco, mesmo que raro. Quem estiver usando medicamentos com semaglutida e sentir visão turva, perda repentina da visão ou piora rápida deve buscar atendimento médico imediato.
Se for confirmada a Noiana, o tratamento com semaglutida deve ser interrompido.
Dois estudos realizados na Dinamarca mostraram que pessoas com diabetes tipo 2 que usam Ozempic têm risco aumentado de danos ao nervo óptico, o que pode levar à perda permanente da visão. Uma pesquisa publicada em julho de 2024 já havia indicado que o medicamento poderia dobrar o risco de desenvolvimento da Noiana.
Outro estudo mais recente apontou uma possível ligação entre o uso de Ozempic e Wegovy e um risco maior de desenvolver degeneração macular relacionada à idade, doença que também pode levar à cegueira.
No entanto, a Novo Nordisk afirma que não há comprovação de que esses medicamentos causem a degeneração macular.
O que diz a fabricante
Em nota, a Novo Nordisk afirmou que a semaglutida foi testada em estudos clínicos com mais de 52 mil pessoas, além de já ter sido usada por milhões de pacientes em todo o mundo. A empresa defende que os dados não indicam uma relação causal razoável entre o uso do medicamento e a Noiana.
Apesar disso, informou que irá colaborar com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para atualizar as bulas e incluir a condição como uma reação adversa muito rara.