
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Acre (Ufac) anunciou o desligamento de um colaborador após a denúncia de assédio sexual feita pela estudante de engenharia civil, Sthefanny Samyra. O caso ganhou repercussão no fim de maio, quando a jovem afirmou ter sido importunada pessoalmente e por mensagens durante um evento acadêmico.
O desligamento foi formalizado por meio de uma portaria publicada na última sexta-feira (6). Segundo o documento, o acusado não era membro efetivo da diretoria, mas atuava como colaborador eventual.
“A medida tem caráter administrativo e preventivo, adotada diante das informações relatadas, sem configurar juízo de valor definitivo. A apuração seguirá os trâmites legais”, destacou a presidente do DCE, Ingrid Maia, no texto.
Apoio à vítima e criação de protocolo contra assédio

De acordo com a nota, o DCE ofereceu apoio jurídico e psicológico à estudante e reforçou o compromisso de manter um ambiente seguro na universidade. A entidade informou ainda que o colaborador suspeito renunciou ao cargo de forma voluntária, sem apresentar justificativas.
“Essa conduta é incompatível com os princípios que defendemos. O afastamento foi necessário diante da gravidade do relato. Atuamos com responsabilidade e respeito ao devido processo legal”, declarou a gestão do DCE.
Como desdobramento do caso, o Diretório anunciou a criação de um Protocolo Institucional de Enfrentamento ao Assédio. “O DCE/Ufac não se cala diante de situações como essa. Estamos comprometidos com a construção de uma universidade mais segura e acolhedora para todos”, diz outro trecho da nota.
O nome do acusado não foi divulgado. A reportagem também não conseguiu contato com a defesa do estudante.
Entenda o caso

O episódio teria ocorrido no dia 27 de maio, durante uma palestra promovida dentro da Ufac. Sthefanny relatou que o estudante, já conhecido por enviar mensagens inapropriadas há cerca de dois meses, sentou-se ao seu lado e sussurrou uma frase de cunho sexual em seu ouvido.
“No meio do evento, ele se aproximou e falou: ‘Cê tá uma delicinha hoje. Eu te daria uns pegas aqui, agora. Só não vou fazer nada porque perdi o encanto’. Fiquei sem reação”, contou a jovem.
Após o ocorrido, ela registrou um boletim de ocorrência e formalizou a denúncia junto à ouvidoria da universidade. A estudante também é presidente do Centro Acadêmico de Engenharia Civil.
Tentativa de silenciamento
Sthefanny ainda relatou que, após tornar o caso público, um membro da gestão do DCE tentou convencê-la a não divulgar o ocorrido. Segundo ela, foi até oferecido um cargo dentro do Diretório como forma de silenciá-la.
“Me disseram que eu seria atacada se falasse, que era melhor deixar quieto. Tentaram me coagir, ofereceram até cargo no DCE. Foi uma tentativa clara de me silenciar”, afirmou.
O DCE respondeu que não tinha conhecimento prévio dessa acusação específica e que vai apurar internamente.
Mulheres em situação de violência podem buscar ajuda pelos seguintes canais:
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Polícia Militar: 190
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Samu (em casos urgentes): 192
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Delegacias da Mulher ou qualquer delegacia comum
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Secretaria da Mulher (Semulher): (68) 99930-0420
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Disque 100 (violação de direitos humanos)
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Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (WhatsApp): (61) 99656-5008
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Conselhos tutelares e Ministério Público
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Profissionais de saúde (são obrigados a notificar casos suspeitos)
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Atendimento em Libras por videochamada (para pessoas com deficiência auditiva)