
Aurora Maria Oliveira Mesquita, recém-nascida de apenas 7 dias, que está internada em estado grave após um banho supostamente com água quente na maternidade de Cruzeiro do Sul (AC), sofreu uma parada cardiorrespiratória na madrugada deste sábado (28), em Belo Horizonte (MG), e precisou ser reanimada pela equipe médica. Segundo o pai, Marcos Oliveira, a filha ficou cerca de 39 minutos sem batimentos cardíacos, sendo reanimada “no último minuto”.
A bebê está internada no Hospital João XXIII, referência no tratamento de queimaduras. A equipe médica começou a reduzir a sedação de Aurora na sexta-feira (27), e ela vinha reagindo bem até sofrer a parada cardíaca. “Ela ficou roxa, sem batimentos, e os médicos fizeram de tudo. Graças a Deus, ela voltou a respirar, mas ainda não sabemos se houve sequelas”, relatou o pai.
Acusações e investigações

O caso ganhou repercussão nacional após a família acusar a maternidade de negligência. Aurora foi internada após apresentar bolhas e descolamento de pele nas pernas e pés, o que, segundo os pais, teria sido provocado por um banho com água quente dado por uma técnica de enfermagem.
O pai registrou um boletim de ocorrência, e o Ministério Público do Acre (MP-AC) abriu uma investigação. A recém-nascida foi transferida inicialmente para Rio Branco e, depois, para Belo Horizonte devido à gravidade do estado de saúde.
A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) informou que a profissional responsável pelo banho foi afastada e um processo administrativo foi aberto. O Conselho Regional de Enfermagem do Acre (Coren-AC) também instaurou uma apuração para avaliar a conduta da profissional.
Polícia e promotor acompanham o caso
A Polícia Civil esteve na maternidade de Cruzeiro do Sul, onde ouviu médicos e testemunhas. Segundo o delegado Vinícius Almeida, pessoas que estavam no local confirmaram que a água usada no banho estava muito quente e até soltava vapor. No entanto, a polícia também investiga se Aurora pode ser portadora de epidermólise bolhosa, uma doença rara que causa bolhas e lesões na pele mesmo com toques leves.

“Não descartamos nenhuma hipótese. Vamos aguardar os laudos para concluir se as lesões foram causadas pela temperatura da água ou por uma condição clínica”, disse o delegado.
O promotor André Pinho e representantes do Centro de Apoio Operacional da Saúde também realizaram uma inspeção na maternidade, verificando setores como enfermaria, centro cirúrgico e escalas de plantão.
Exames e próximos passos
Material genético da bebê foi coletado pelo Instituto de Genética do Norte (IGENN), em Rio Branco, e será analisado em outro estado para investigar a possibilidade da doença genética. O inquérito policial só será concluído após a chegada de todos os laudos periciais e médicos.
Enquanto isso, a família segue em Belo Horizonte, acompanhando a recuperação da recém-nascida, que permanece em estado delicado. “Agora é orar e esperar. Ela é uma guerreira”, disse o pai.