Um grave alerta foi aceso no cenário educacional do Acre com a recente divulgação dos resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE). O curso de Fonoaudiologia da Uninorte, uma das instituições de ensino superior mais conhecidas do estado, obteve a pior avaliação possível: conceito 1, em uma escala que vai de 1 a 5.
A nota, revelada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), causou preocupação entre profissionais da saúde, educadores e alunos. Muito mais que um simples número, o conceito 1 expõe uma série de fragilidades estruturais e acadêmicas que colocam em xeque a capacidade da Uninorte em formar profissionais preparados para os desafios do mercado de trabalho.
A formação em Fonoaudiologia exige excelência técnica, conhecimento científico e intensa vivência prática. No entanto, estudantes ouvidos pela reportagem apontam sérios problemas: carência de atividades clínicas, dificuldade para acesso a estágios e escassez de laboratórios e infraestrutura adequada. Há também relatos de falta de atualização do corpo docente e pouca integração com as demandas reais do Sistema Único de Saúde (SUS).
A situação se agrava quando se observa que o curso é coordenado por Soron Angélica Stainer, que atualmente ocupa também a presidência da Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre). A acumulação de cargos de tamanha responsabilidade em áreas distintas levanta questionamentos sobre a real capacidade de acompanhamento e gestão pedagógica que a coordenação de um curso tão sensível exige.
Para especialistas, o resultado do ENADE é mais do que uma estatística: é um sintoma de negligência com o ensino superior em áreas fundamentais para a saúde pública. “Quando um curso de saúde recebe conceito 1, significa que há falhas graves em toda a estrutura de formação. Isso tem reflexos diretos na qualidade da assistência que a população vai receber futuramente”, afirma um profissional da área ouvido sob anonimato.
Até o fechamento desta matéria, a coordenadora Soron Stainer não respondeu aos pedidos de esclarecimento. A instituição também não se pronunciou oficialmente sobre os motivos do baixo desempenho. O espaço permanece aberto para manifestações da coordenação do curso e da Uninorte.
Enquanto isso, estudantes seguem se formando sob um modelo que, segundo os dados oficiais, falha em entregar o mínimo esperado. A nota 1 no ENADE não deve ser ignorada — é um chamado urgente à revisão de prioridades e à responsabilidade com a educação e a saúde no Acre.







