No que foi considerado o sétimo ato de Jair Bolsonaro (PL) desde que deixou a Presidência, o ex-presidente convocou uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, com tema “Justiça já”. Organizado e financiado pelo pastor Silas Malafaia, o protesto tinha como foco apoiar a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e criticar o julgamento de Bolsonaro pelo STF.
Público abaixo do esperado
Apesar da presença de figuras do PL — como Tarcísio de Freitas, Valdemar Costa Neto, Nikolas Ferreira e Michelle Bolsonaro —, o evento fracassou em atingir a grandiosidade de edições anteriores. Segundo estimativas do Poder360, usando imagens aéreas com drone e metodologia do Google Earth, participaram cerca de 16.400 pessoas no momento de pico (das 15h30 às 16h), período em que Bolsonaro discursou por cerca de 26 minutos. A USP e a ONG More in Common estimam o público em 12.400 pessoas, com margem de erro de 1.500.
Esse número representa uma queda drástica em comparação com os atos anteriores: aproximadamente 43.600 a menos que o ato de 6 de abril (59.900 no pico), que por sua vez já tinha sido menor que a aglomeração dos 300–350 mil em fevereiro de 2024.
Reações dos aliados do governo Lula
Nas redes sociais, parlamentares da base governista e aliados do presidente Lula reagiram com sarcasmo. Usaram a palavra “flopou” e compartilharam imagens que destacavam o esvaziamento e dispersão do público. No Twitter, o perfil do Poder360 também comentou o tamanho reduzido da manifestação.
Durante o ato, Bolsonaro, acompanhado por Michelle, Silas Malafaia, Tarcísio e outros líderes do PL, centrou sua fala na convocação para as eleições de 2026 e defendeu a ampliação da bancada bolsonarista no Congresso. Em tom retórico, chamou o processo no STF de “fumaça de golpe” e questionou a legitimidade do ministro Alexandre de Moraes. Tarcísio aproveitou para criticar o governo Lula, falando em “dor de cotovelo” e afirmando que “o Brasil não merece esses caras”.
Comparativo histórico
Data | Local | Público estimado |
---|---|---|
29 jun 2025 | Avenida Paulista | 12.400–16.400 |
6 abr 2025 | Avenida Paulista | 59.900 |
16 mar 2025 | Copacabana, RJ | ~26.000 |
7 set 2024 | Paulista | ~58.000 |
25 fev 2024 | Paulista | 300–350.000 |
21 abr 2024 | Copacabana, RJ | 40–45.000 |
Especialistas e opositores atribuem a baixa adesão a uma combinação de fatores: desgaste da estratégia de protesto frequente, impacto da inelegibilidade de Bolsonaro até 2030, e possível cansaço da base. Além disso, comparativos históricos reforçam que manifestações na Paulista tendem a atrair mais público quando o ex-presidente ainda ocupava cargo, algo que se refletiu nos enormes protestos de 2024.
Embora o ato tenha reunido figuras emblemáticas do bolsonarismo e buscado impulso para 2026, a mobilização inferior a 20 mil pessoas revelou uma perda de força da narrativa pública do ex-presidente nas ruas. A reação sarcástica dos governistas, usando termos como “flopou”, destaca o desgaste político que Bolsonaro enfrenta em sua estratégia de protesto.