20 dezembro 2025

Na zona rural de Sena Madureira, alunos limpam salas e professores fazem merenda por falta de estrutura nas escolas

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Imagem via G1 Acre.

A rotina nas escolas da zona rural de Sena Madureira, no interior do Acre, está longe do ideal. Sem estrutura básica, os alunos precisam se revezar na limpeza das salas de aula e os professores, além de ensinar, também são responsáveis por preparar a merenda. Em algumas unidades, a água consumida pelos estudantes vem de poços improvisados ou cacimbas sem nenhum tipo de tratamento.

Esses problemas foram constatados durante uma fiscalização realizada por auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC) e integrantes do Ministério Público (MP-AC), dentro do projeto nacional Sede de Aprender, que avalia o abastecimento de água e as condições sanitárias das escolas públicas.

Estrutura precária

Imagem via G1 Acre.

Durante a inspeção em Sena Madureira, a equipe da Rede Amazônica Acre acompanhou de perto a visita a escolas como a Sângelo Nunes de Andrade e a Madalena Nunes de Andrade, localizadas em ramais de difícil acesso. Nessas unidades, faltam itens básicos: não há funcionários de limpeza, os banheiros são improvisados, e o fornecimento de água é feito por fontes duvidosas.

A estudante Sulane Souza contou que os próprios alunos limpam as salas. Eles organizam uma escala para dividir as tarefas. “A gente quer que melhore, pra que os alunos que vierem depois não tenham que parar de estudar pra limpar a escola”, disse ela.

Já a colega Heloísa Lima, que caminha por mais de uma hora e meia até a escola, sonha com algo simples: “Queria só um parquinho pra brincar na hora do recreio”.

Professores fazem de tudo

Imagem via G1 Acre

Na Escola Madalena Nunes, quem mantém a limpeza são os próprios professores. “Já levei produto de limpeza de casa várias vezes, porque não tem aqui. A gente limpa os banheiros, as salas e até o entorno da escola”, contou a professora Mara Lenkely.

Os banheiros não têm pias, e os alunos precisam lavar as mãos em tanques instalados do lado de fora. Em vez de bebedouros, a água é armazenada em garrafas PET. A única fonte é um poço artesiano localizado em terreno particular, abastecido com uma bomba emprestada por uma igreja local.

“É a água que temos, mas não sabemos se é segura. Nunca foi feita uma análise”, alertou a coordenadora da escola, Lucicléia Lima.

Água contaminada e improviso

De acordo com Juliana Moreira, da 8ª Coordenadoria Especializada de Controle Externo do TCE, a fiscalização também mostrou que a água consumida pelos estudantes não passa por nenhum tipo de tratamento. “Essa água não é considerada potável. Isso representa um risco à saúde das crianças e de toda a comunidade escolar”, explicou.

Imagem via G1 Acre.

A Escola Sângelo Nunes de Andrade, por exemplo, depende de um poço artesiano localizado em terreno particular. A bomba que capta a água foi emprestada por uma igreja da comunidade. Sem bebedouros, a água é armazenada em garrafas PET e distribuída aos alunos.

“Estamos no improviso. Não sabemos a qualidade dessa água, mas é o que temos no momento”, desabafou a coordenadora da escola, Lucicléia Lima.

Resposta do governo

O secretário de Educação do Acre, Aberson Carvalho, afirmou que algumas escolas da zona rural de Sena Madureira passaram por reformas em 2024 e que novas melhorias estão previstas para o fim deste ano e também para 2026.

Sobre os professores estarem limpando as escolas e levando produtos de casa, o secretário disse que isso pode ter ocorrido por falhas na logística de distribuição dos materiais. “Temos um calendário de entrega. Às vezes, há dificuldades para chegar em todas as escolas ao mesmo tempo, mas o material é disponibilizado”, justificou.

Imagem via G1 Acre.

Carvalho reconheceu que, em muitas escolas com menos de 50 alunos, é comum não haver profissionais de apoio para limpeza e preparo da merenda. “É uma realidade que realmente existe. Estamos elaborando um planejamento para que, a partir do próximo ano, essas escolas tenham ao menos um servidor para essas funções”, afirmou.

Matéria original via G1 Acre.

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