20 julho 2025

70% dos deputados são contra o fim da escala 6×1, revela pesquisa Quaest

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Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (2) pelo Instituto Quaest expôs o que muitos trabalhadores já suspeitavam: a maioria dos deputados federais brasileiros é contrária ao fim da exaustiva jornada de trabalho 6×1 (seis dias trabalhados para apenas um de descanso). Segundo o levantamento, 70% dos parlamentares ouvidos rejeitam a proposta que prevê a mudança na carga semanal.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC 8/2025), apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), propõe reduzir a jornada para quatro dias por semana e limitar o total de horas a 36 semanais, sem redução salarial. A proposta nasceu de uma articulação popular através do movimento Vida Além do Trabalho, que já colheu mais de dois milhões de assinaturas em apoio à ideia.

No entanto, o Congresso Nacional tem mostrado forte resistência. A pesquisa foi realizada entre maio e junho, com 203 deputados federais. Os números mostram que apenas 22% são favoráveis à PEC e 8% não opinaram.

A rejeição à proposta é ainda mais forte entre os partidos da oposição ao governo federal, com 92% contrários. Na base governista, há um equilíbrio maior: 55% contra e 44% a favor. Deputados do centro político também se mostram majoritariamente contra (70%), enquanto na direita a rejeição atinge 88% dos parlamentares.

Apesar da mobilização social e dos apoios populares, a PEC ainda não avançou na Câmara dos Deputados. Não foi instalada comissão especial nem houve análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o que trava o andamento do projeto. Parlamentares da oposição acusam o governo de não priorizar a proposta.

Enquanto isso, o movimento Vida Além do Trabalho iniciou um plebiscito popular no Rio de Janeiro, que vai até o Dia da Independência (7 de setembro), buscando pressionar o Legislativo a ouvir a população sobre o tema.

Para Erika Hilton, “a escala 6×1 é uma das maiores agressões à saúde física e mental dos trabalhadores no Brasil”. Ela defende que reduzir a jornada não apenas melhora a qualidade de vida como aumenta a produtividade, com base em experiências já aplicadas em países da Europa.

“A maioria dos trabalhadores quer tempo para viver. Não é só sobre ganhar o pão, é sobre ter o direito de descansar, estudar, estar com a família e cuidar da saúde mental”, afirmou a deputada em entrevista recente.

Com a PEC parada e a maioria dos deputados contrários à mudança, o futuro da proposta depende de pressão social e articulação política. O plebiscito popular, as mobilizações e a repercussão da pesquisa Quaest devem influenciar os próximos passos.

Enquanto isso, milhões de brasileiros continuam enfrentando a rotina pesada do 6×1, muitas vezes sem qualquer perspectiva de mudança — mesmo com uma proposta clara e viável já apresentada no Congresso.

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