
A bebê Aurora Maria Oliveira Mesquita, que nasceu no dia 21 de junho e pode ter sofrido queimaduras durante um banho na maternidade de Cruzeiro do Sul (AC), está passando por exames para verificar possíveis sequelas após uma parada cardiorrespiratória ocorrida no último sábado (28). Segundo o pai, Marcos Oliveira, ela está reagindo bem ao tratamento e permanece sob observação médica no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte (MG).
Aurora ficou cerca de 39 minutos sem batimentos cardíacos e foi reanimada pela equipe médica. Um exame de raio-X foi feito na cabeça da bebê, e um especialista analisa se houve algum dano neurológico. “O médico está avaliando se houve alguma sequela no cérebro. Se Deus quiser, não aconteceu nada”, disse o pai.
Ainda segundo ele, os médicos acompanham a evolução dos ferimentos e avaliam a necessidade de um procedimento para limpeza das áreas afetadas. “Eles estão esperando, porque está evoluindo muito bem. Se Deus quiser, será só limpeza, sem precisar remover nada”, relatou.
Entenda o caso

Aurora teria se queimado durante um banho dado por uma enfermeira no Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul, no dia 22 de junho. Após o banho, a bebê apresentou bolhas e descolamento da pele nas pernas e nos pés. Diante da gravidade, ela foi transferida em uma UTI aérea para a capital Rio Branco, e depois, para Belo Horizonte, onde recebe cuidados especializados.
O pai da criança registrou um boletim de ocorrência e o caso é investigado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) e pela Polícia Civil. A profissional que deu o banho foi afastada e responde a um processo administrativo disciplinar.
A suspeita inicial levantada pela equipe médica em Cruzeiro do Sul é de que a bebê possa ter uma condição rara chamada epidermólise bolhosa – uma doença genética que deixa a pele extremamente sensível. Para confirmar ou descartar essa possibilidade, foi coletado material para biópsia, que será analisado em outro estado.
Investigação e fiscalização
No dia 26 de junho, o promotor André Pinho, da 1ª Promotoria Cível de Cruzeiro do Sul, acompanhado por técnicos do Ministério Público, realizou uma vistoria na maternidade. A visita incluiu inspeções no centro cirúrgico, enfermarias, salas de ultrassom e nas escalas de profissionais. A gerente regional do hospital, Iglê Montes, acompanhou a fiscalização.
O Conselho Regional de Enfermagem do Acre (Coren-AC) também abriu uma investigação para apurar a conduta da técnica de enfermagem envolvida no caso. Uma equipe de fiscalização será enviada à unidade para avaliar as condições de trabalho e ouvir a profissional.
Enquanto isso, Aurora segue lutando pela recuperação em Minas Gerais, acompanhada de perto pelos pais e pela equipe médica.