
A pequena Aurora Maria Oliveira Mesquita, que sofreu queimaduras graves durante um banho na maternidade de Cruzeiro do Sul, no Acre, passará por uma cirurgia nesta quarta-feira (9), no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte (MG). A bebê está internada desde o dia 25 de junho na unidade especializada no tratamento de queimados.
Segundo o pai, Marcos Oliveira, o procedimento será para limpeza das áreas atingidas pelas queimaduras. A bebê será entubada para evitar dores durante a cirurgia. “As lesões evoluíram bem e estão quase cicatrizadas, mas os dedinhos ainda preocupam. Eles vão avaliar se será necessário amputar algum”, relatou.
Aurora sofreu queimaduras de 2º e 3º graus nos pés e pernas. Inicialmente, havia suspeita de uma doença rara chamada epidermólise bolhosa, mas exames descartaram essa hipótese. O laudo médico confirmou que as lesões foram causadas por água quente, como sempre defendeu a família.

A Secretaria de Saúde do Acre confirmou que a água usada no banho estava em temperatura elevada. A técnica de enfermagem responsável foi afastada e responde a um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD). Segundo o secretário Pedro Pascoal, a profissional deverá ser demitida. “Ela é funcionária celetista do Igesac, e o processo é menos burocrático”, explicou.
O caso é investigado pela Polícia Civil, Ministério Público do Acre (MP-AC) e Conselho Regional de Enfermagem (Coren). Testemunhas ouvidas confirmaram que a água utilizada no banho da bebê estava muito quente. O pai registrou boletim de ocorrência contra o hospital.

A secretária adjunta de Atenção à Saúde, Ana Cristina Moraes, informou que Aurora está clinicamente estável e apresenta melhoras. Os curativos são feitos de forma espaçada, para preservar a integridade da pele da bebê. “Há um procedimento agendado para refazer os curativos, com todo o cuidado necessário à condição clínica dela”, explicou.
O secretário de Saúde também anunciou a criação do Núcleo de Segurança do Paciente na maternidade de Cruzeiro do Sul, com o objetivo de evitar que situações semelhantes se repitam. Protocolos operacionais também estão sendo implementados.
Em um momento delicado, no dia 27 de junho, Aurora teve uma parada cardiorrespiratória ao começar a sair da sedação, mas foi reanimada com sucesso pela equipe médica.

O pai, Marcos, lamentou o sofrimento da filha e disse ter sido desacreditado no início. “Coloquei a mão da médica e da diretora na água pra ver se não queimava. Só a nossa família acreditou. Disseram que era uma doença rara, mas não era. Queriam tirar nossa razão, mas agora ficou claro o que aconteceu”, desabafou.
A família segue recebendo apoio do governo estadual, com ajuda de custo e suporte durante a internação da bebê em Minas Gerais. O caso segue em investigação, e novas medidas podem ser anunciadas conforme o avanço do inquérito.






