Em pleno mês de férias escolares, as ruas de Sena Madureira estão sendo tomadas por jovens empinando pipas, mas o que seria uma brincadeira inocente virou motivo de medo e indignação para pedestres e motociclistas. O motivo é o uso indiscriminado de linhas com cerol e linha chilena – materiais altamente cortantes que já provocaram acidentes e até mortes em diversas partes do país, incluindo o Acre.
A situação chama ainda mais atenção por um fato alarmante: já existe uma lei aprovada na Câmara Municipal de Sena Madureira que proíbe a utilização, fabricação e comercialização de linhas com cerol e similares. O projeto de lei nº 041/2023, de autoria da vereadora Ivoneide Bernardino, foi aprovado por unanimidade em dezembro do ano passado, justamente com o objetivo de evitar tragédias como a que quase vitimou uma empresária local, que sofreu cortes na mão e no pescoço ao ser atingida por uma linha cortante.
“Temos visto vários casos ocorrerem em nossa cidade e temos que agir antes que aconteça uma tragédia. Agradeço a todos os vereadores pela aprovação. A câmara municipal segue fazendo seu papel de defender os direitos da nossa população”, disse à época a autora do projeto, Ivoneide Bernardino.
A pergunta que fica é: se a lei foi aprovada, por que ela não está sendo cumprida? Onde está a fiscalização para coibir a comercialização dessas linhas perigosas? E onde estão os pais desses jovens, que deveriam orientar e impedir que seus filhos levassem risco às ruas?
Casos fatais provocados por cerol e linha chilena não são raros no estado do Acre. Em 2022, em Rio Branco, um motociclista de 29 anos perdeu a vida após ter o pescoço cortado por uma linha de pipa com cerol. No ano anterior, em Cruzeiro do Sul, um jovem também morreu após ser atingido enquanto pilotava sua moto. As estatísticas, infelizmente, são reais e mostram que o problema não é pontual – é recorrente e precisa de resposta imediata.
Enquanto o poder público cruza os braços e a sociedade se omite, vidas seguem em risco. A brincadeira virou ameaça, e a omissão pode custar caro. É preciso ação urgente: fiscalização nas ruas, proibição real da venda do material e, sobretudo, responsabilidade das famílias em orientar seus filhos. A lei existe – falta fazer valer.