A edição 2025 da ExpoSena chega com uma economia significativa aos cofres públicos: R$ 865 mil a menos em comparação com os shows do ano passado. Em termos percentuais, uma redução de cerca de 51%. É um dado positivo, principalmente em tempos de austeridade e tantas outras demandas urgentes na cidade, como saúde, educação e infraestrutura.
Mas nem tudo é motivo de comemoração.
Apesar da economia, a programação musical divulgada até aqui mostra que a festa continua caminhando por uma trilha única: o sertanejo. Das cinco atrações nacionais confirmadas, três já tiveram os valores contratados revelados (Breno & Mateus, Henrique & Diego e Os Caras do Arrocha), e todas seguem a mesma vertente rítmica — deixando de fora uma parcela significativa do público que não se identifica com esse estilo.
Não se trata de desmerecer o sertanejo, que tem seu valor cultural e grande apelo popular. Mas quando falamos de uma festa pública, financiada com dinheiro público, é natural — e até necessário — pensar em diversidade. Diversidade de ritmos, de artistas, de representações culturais. Afinal, a ExpoSena não é um evento privado com público segmentado: é a principal vitrine festiva do município, frequentada por jovens, idosos, famílias, trabalhadores e visitantes de todas as partes.
Se há economia, ótimo. Mas e a inclusão musical? Onde estão os representantes do forró, da música sacra, da música regional, do rap, do brega, do pagode, da cultura indígena ou nortista? A festa, para ser realmente do povo, precisa refletir o povo — e isso inclui respeitar a pluralidade dos gostos e vivências que compõem a identidade de Sena Madureira.
Reduzir custos é um passo importante. Democratizar a festa, no entanto, é um compromisso maior — e ainda pendente.
Resta saber se até o início do evento haverá espaço para ouvir outras vozes e outros sons. Porque uma festa popular sem diversidade não representa a grandeza da população que sustenta seu palco.
