
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (10) que o aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros tem motivação política e foi articulado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, o chamado “tarifaço” de 50% anunciado por Donald Trump é resultado de uma ação coordenada pela família Bolsonaro, com o objetivo de desviar o foco das investigações judiciais que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).
“A única explicação é que a família Bolsonaro urdiu isso contra o Brasil, tentando escapar do processo judicial que está em curso”, declarou Haddad durante entrevista a mídias independentes no canal do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
Pressão dos EUA sobre o Brasil
O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, alegando que o Brasil não estaria sendo “bom” para os interesses comerciais dos EUA. Ele também sinalizou que as taxas podem chegar a 100% para países do Brics que não se alinhem às exigências norte-americanas.
A medida foi anunciada após Trump sair publicamente em defesa de Bolsonaro, e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, está nos Estados Unidos buscando sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. Para Haddad, essa movimentação é prova do envolvimento da família Bolsonaro com a imposição das tarifas.
“A extrema-direita deu um tiro no pé. Isso não vai se sustentar”, afirmou o ministro, acrescentando que o Brasil manterá diálogo com os EUA por meio do Itamaraty.
Críticas a Tarcísio de Freitas
Fernando Haddad também criticou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que responsabilizou o presidente Lula pelas tarifas. Para o ministro, o governador errou ao politizar o tema.
“O governador errou muito. Ou alguém é candidato a presidente ou é candidato a vassalo”, disse Haddad, numa crítica direta à postura de Tarcísio, cotado como possível nome da direita para as eleições de 2026.
Em publicação nas redes sociais, Tarcísio afirmou que “Lula colocou sua ideologia acima da economia” e disse que o governo preferiu “defender ditaduras” em vez de buscar diálogo com os EUA. “A responsabilidade é de quem governa”, escreveu.
Eduardo Bolsonaro confirma articulações
Eduardo Bolsonaro, por sua vez, admitiu ter participado de articulações que visavam “respostas” ao Brasil. Em nota divulgada na noite de quarta-feira (9), ele afirmou que a taxação não teria ocorrido se seu pai estivesse na presidência e culpou diretamente o ministro Alexandre de Moraes pelo episódio.
Reação do governo
O presidente Lula reagiu invocando a Lei de Reciprocidade Econômica e prometeu que o Brasil responderá à altura. Setores do agronegócio, especialmente os produtores de carne, suco de laranja e açúcar, já demonstraram preocupação com os efeitos das tarifas sobre as exportações.
O governo segue buscando alternativas diplomáticas e negociações para conter os impactos das medidas unilaterais impostas pelos EUA.






