A cassação da chapa do MDB em Sena Madureira, por suposta fraude à cota de gênero, não é apenas um fato jurídico — é um terremoto político. A vereadora Helissandra Matos, eleita legitimamente pelo povo, agora vive a ameaça concreta de perder o mandato. Mas o que mais chama atenção não é apenas a ação da Justiça Eleitoral. É o silêncio ao redor dela.
Até agora, apenas três vereadores se manifestaram publicamente em solidariedade. Três. Os demais? Calados. A pergunta que fica é: por quê?
Nos bastidores, o comentário é um só: há suplentes e aliados torcendo pela queda. Gente que andava de mãos dadas, sorrindo para fotos e fazendo discursos de união, agora se esconde. O jogo é bruto. A política, quando quer, é fria, calculista — e nesse caso, parece até cruel.
O que está em xeque não é apenas o mandato de uma mulher. É o valor da representatividade, da coerência e da solidariedade em tempos de disputa. O silêncio dos colegas de parlamento não é apenas omissão — é estratégia. Estratégia de quem enxerga no revés alheio uma oportunidade para crescer, ocupar espaço ou se reposicionar.
Quem se cala diante de uma injustiça, por conveniência, não é neutro — é conivente.
Esse tipo de comportamento levanta outras perguntas ainda mais sérias:
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A quem interessa a cassação?
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Quem lucra com a ausência da vereadora?
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Que tipo de política estamos alimentando, onde aliados esperam a queda para tomar o lugar?
Enquanto parte da sociedade reage, comenta, opina e demonstra certo apoio, os aliados emudecem. E isso revela mais do que mil discursos. Mostra que, para alguns, vale mais o cálculo político do que a empatia, mais a chance do poder do que a lealdade.
Num momento em que tanto se discursa sobre empoderamento feminino e fortalecimento da participação das mulheres na política, a cena de uma mulher sendo deixada sozinha no ringue — enquanto seus próprios aliados viram o rosto — é vergonhosa.
O processo judicial seguirá seu curso. Mas a opinião pública também está de olhos abertos. E o povo não é bobo.
Se a vereadora cair, não cairá sozinha. Cairá carregando junto o silêncio de muitos que poderiam ter dito algo — e escolheram se omitir. Cairá expondo a face oculta da política local: onde a disputa é travada não só com votos, mas com silêncio, frieza e jogo duplo.
E você, leitor, já reparou quem torce pela queda… e quem tem coragem de se manter de pé ao lado dela?