A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um apelo global para que governos aumentem em 50% o preço de produtos como bebidas alcoólicas, refrigerantes com açúcar e cigarros ao longo da próxima década. A proposta, apresentada durante a Conferência de Finanças para o Desenvolvimento da ONU, em Sevilha, mira não apenas na redução do consumo de itens nocivos à saúde, mas também no fortalecimento das finanças públicas dos países.
A estratégia, batizada de “3 por 35”, defende o uso de impostos específicos sobre esses produtos como forma de conter doenças crônicas e não transmissíveis, como diabetes, câncer e enfermidades cardiovasculares. Segundo a entidade, a arrecadação com a medida pode chegar a US$ 1 trilhão até 2035, com base em experiências anteriores de países como Colômbia e África do Sul.
Veja as fotosAbrir em tela cheia OMS propõe aumento de impostos sobre açúcar, álcool e tabaco para frear doençasFoto: Freepik Sede da Organização Mundial da SaúdeFoto: REUTERS/Denis Balibouse
OMS propõe aumento de impostos sobre açúcar, álcool e tabaco para frear doençasFoto: Freepik
Voltar
Próximo
Leia Também
Saúde
“Novo tabaco”: especialistas dão dicas para evitar o consumo excessivo de açúcar
Redes Sociais
André Fernandes, sucesso nas redes sociais, revela como virou pastor
Redes Sociais
André Fernandes, sucesso nas redes sociais, revela como virou pastor
Saúde
Anvisa aprova testes da vacina do Butantan contra a gripe aviária em humanos
“Os impostos sobre a saúde são uma das ferramentas mais eficientes que temos. É hora de agir”, afirmou Jeremy Farrar, diretor-geral assistente da OMS para promoção da saúde e prevenção e controle de doenças.
Embora a OMS há décadas incentive a taxação de cigarros como forma de combate ao tabagismo, o novo plano representa um passo além ao propor metas claras de aumento de preços também para bebidas alcoólicas e produtos com açúcar adicionado. Esta é a primeira vez que a organização estabelece um percentual-alvo unificado para os três setores.
Durante o evento, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que a proposta de taxação pode ajudar os governos a “se ajustarem à nova realidade” e a investir diretamente em seus próprios sistemas de saúde por meio da arrecadação gerada.
Como exemplo prático, o economista de saúde da OMS, Guillermo Sandoval, explicou que um produto que hoje custa US$ 4 em um país de renda média poderia atingir US$ 10 até 2035, considerando o reajuste por inflação e o aumento tributário previsto.
Sandoval também revelou que a organização estuda ampliar as recomendações fiscais para incluir alimentos ultraprocessados, após a finalização de uma definição oficial sobre essa categoria — o que deve acontecer nos próximos meses. No entanto, reconheceu que a proposta poderá enfrentar forte oposição de indústrias afetadas.
A iniciativa surge em um momento em que a ajuda internacional a países em desenvolvimento encolhe e a dívida pública cresce globalmente. Para a OMS, reforçar a tributação de produtos que comprometem a saúde coletiva pode ser uma saída viável para reduzir o adoecimento e, ao mesmo tempo, garantir sustentabilidade financeira para políticas públicas.






