
A temporada de queimadas já começa a impactar diretamente a qualidade do ar no Acre. Somente neste mês de julho, o estado ultrapassou a marca de 100 focos de incêndios detectados por satélites, e a capital Rio Branco acumula mais de 300 ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros. A consequência já pode ser sentida no ambiente: o ar está mais poluído e a cidade agora figura entre as três capitais brasileiras com maior concentração de poluentes, segundo o monitoramento internacional da plataforma IQAir.
De acordo com o Índice de Qualidade do Ar (AQI, na sigla em inglês), Rio Branco atingiu a marca de 50 pontos por volta das 12h da última quinta-feira (20), ficando atrás apenas de São Paulo (60) e Campinas (54). O nível é classificado como “moderado” e, embora ainda considerado aceitável, já representa um alerta para pessoas mais sensíveis à poluição atmosférica.
O AQI é uma escala adotada por órgãos de saúde e monitoramento ambiental em todo o mundo, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para indicar o grau de poluição do ar com base em medições como microgramas por metro cúbico (µg/m³) de partículas inaláveis. Quanto maior o índice, maior o risco à saúde pública.
Nos primeiros 24 dias de julho, Rio Branco registrou uma média de 47,2 no índice — um valor dentro da faixa “boa”, mas já próximo do limite para o nível “moderado”. A tendência, segundo especialistas, é de piora caso o ritmo das queimadas não diminua nas próximas semanas.
Além dos danos à saúde humana, o impacto ambiental das queimadas também preocupa. No último domingo (20), um incêndio de grandes proporções atingiu uma área de aproximadamente nove hectares no Conjunto Village Tiradentes, zona urbana de Rio Branco. A vegetação foi devastada e animais silvestres, como um tamanduá-mirim e um filhote de coruja, tiveram que ser resgatados e levados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).
O combate ao fogo durou cerca de três horas, conforme relatado pelo soldado Natan Silva, do Corpo de Bombeiros. Casos como esse se repetem diariamente. Só nos primeiros 15 dias de julho, a corporação foi acionada mais de 300 vezes para atender ocorrências de queimadas na capital.
Apesar da maioria desses incêndios não ser captada pelos satélites, Rio Branco também aparece entre os municípios com maior número de focos detectados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Até o momento, a capital registrou nove focos via satélite, ficando atrás apenas de Cruzeiro do Sul (20), Tarauacá (16) e Acrelândia (11).