
O Brasil manteve em 2024 um alto índice de reciclagem de latinhas de alumínio, com 97,3% do total comercializado sendo reaproveitado, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (14) pela Recicla Latas, associação sem fins lucrativos mantida por fabricantes e recicladores do setor. O material coletado retorna às prateleiras em cerca de 60 dias, completando um ciclo de economia circular eficiente.
O levantamento mostra que o país mantém 16 anos consecutivos com taxas acima de 96%, consolidando o Brasil como referência mundial em reciclagem de latinhas. Em 2022, o índice chegou a 100,1%, ou seja, foram recicladas mais latinhas do que as vendidas. Em 2023, o patamar ficou em 99,7%. Em números absolutos, 33,9 bilhões de latinhas foram reaproveitadas das 34,8 bilhões comercializadas no último ano.
Segundo Renato Paquet, secretário-executivo da Recicla Latas, o desempenho é resultado da logística reversa, sistema em que fabricantes se responsabilizam pelo retorno dos resíduos gerados por seus produtos, previsto na Lei 12.305/2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos. “Mesmo em anos desafiadores, conseguimos manter índices elevados, demonstrando a força da articulação entre os diversos elos da cadeia”, afirmou Paquet.
A Recicla Latas atua em parceria com a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e a Associação Brasileira da Lata de Alumínio (Abralatas). Para Janaina Donas, presidente da Abal, a reciclagem vai além do aspecto ambiental, representando “uma estratégia de competitividade, segurança de suprimento e um caminho essencial para a descarbonização do setor”. Já Cátilo Cândido, presidente da Abralatas, destaca que a cadeia gera renda e oportunidades em todas as regiões do país.
O trabalho dos catadores de materiais recicláveis é essencial para o sucesso do processo. O Movimento Nacional dos Catadores estima que cerca de 800 mil pessoas atuem na coleta de resíduos recicláveis em todo o país. Em 2020, a Abralatas, Abal e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) firmaram um termo de compromisso para investir na melhoria da renda e condições de vida desses trabalhadores.
O presidente da Associação Nacional dos Catadores (Ancat), Roberto Rocha, defende que os catadores deveriam receber remuneração não apenas pelo material entregue, mas também pelo trabalho de coleta em si, sugerindo que prefeituras e iniciativa privada financiem programas que valorizem essa atividade. Ele também ressalta a importância de beneficiar catadores autônomos, que não estão vinculados a cooperativas, com políticas públicas e incentivos previstos na lei de logística reversa.
O sucesso do Brasil na reciclagem de latinhas de alumínio é, portanto, resultado da combinação entre legislação, indústria organizada e o trabalho de milhares de catadores, mantendo o país na vanguarda da economia circular global.






