Uma tragédia abalou a comunidade do Jardim São Pedro, em Itaquera, Zona Leste de São Paulo, na tarde da última quarta-feira (30). Maria dos Santos Oliveira, de 88 anos, morreu após ser atropelada por um motociclista que circulava empinando a moto em uma via residencial.
O acidente aconteceu por volta das 17h33 na Rua General Moreira Couto, onde o limite de velocidade é de 30 km/h. Segundo relatos de testemunhas e imagens de câmeras de segurança, o condutor, um homem de 28 anos, foi flagrado empinando a moto momentos antes de atingir a idosa, que havia saído de casa para doar roupas.
Moradora antiga do bairro, dona Maria era muito conhecida e respeitada na comunidade. Parentes e vizinhos destacam que ela era ativa, carinhosa e sempre disposta a ajudar.
A vítima chegou a ser socorrida e levada ao Hospital Municipal Professor Doutor Waldomiro de Paula, a cerca de três quilômetros do local do acidente, mas não resistiu aos ferimentos. A família foi informada da morte cerca de dez minutos após a chegada ao hospital.
Willian Santos de Oliveira, filho da idosa, passou o dia com a mãe — era sua folga. “Ela era tudo pra mim. Minha mãe, meu pai, minha família. Eu fiz um bolo, ela almoçou comigo e saiu pra fazer o bem. A vida é injusta”, lamentou.
A sobrinha da vítima, Priscila Pereira, também se revoltou com a impunidade: “Ele vai continuar vivendo, vai abraçar a mãe dele no Natal, no Ano Novo. A gente não vai ter mais isso. É mais um preto, pobre, da periferia que perdeu a vida.”
Em depoimento à polícia, o motociclista afirmou que trafegava em baixa velocidade e que a idosa surgiu de repente entre carros estacionados. Ele disse ainda ter tentado frear e desviar, mas sem sucesso. Segundo o boletim de ocorrência, o homem permaneceu no local, prestou socorro e aguardou a chegada da ambulância e da polícia.
A conduta do motociclista é considerada infração gravíssima pelo Código de Trânsito Brasileiro. O artigo 244, inciso III, prevê multa de R$ 293 e suspensão do direito de dirigir para quem conduz motocicleta “executando manobra perigosa, como empinar”.
Inicialmente registrado como homicídio culposo (sem intenção), o caso passou a ser investigado como homicídio doloso — quando há intenção ou assunção de risco. A Polícia Civil continua apurando os fatos, e familiares exigem justiça e a responsabilização do condutor.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que o inquérito foi alterado e que avalia a responsabilização criminal do motociclista.
Dona Maria completou 88 anos em junho e dedicou a vida à família e à comunidade. Saiu de casa para fazer o bem — e perdeu a vida de forma brutal.
