A automedicação se tornou um hábito comum no Brasil: 86% da população recorre a medicamentos sem prescrição médica, segundo dados do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ). O problema, alertam especialistas, pode ter consequências graves. Todos os anos, mais de 30 mil pessoas são internadas e cerca de 20 mil mortes estão associadas à intoxicação medicamentosa no país.
Em entrevista ao portal LeoDias, a hepatologista Patrícia Almeida informa que os analgésicos e anti-inflamatórios lideram a lista dos mais utilizados, em especial paracetamol, ibuprofeno e naproxeno. “O fígado metaboliza as substâncias que ingerimos. Em excesso ou sem controle, alguns medicamentos, mesmo os de venda livre, podem produzir toxinas que lesionam suas células”, explica a doutora pela USP e membro da Sociedade Brasileira de Hepatologia.
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Além dos analgésicos e anti-inflamatórios, antibióticos como amoxicilina-clavulanato, isoniazida e eritromicina, anticonvulsivantes como fenitoína e valproato, estatinas e até fitoterápicos ou suplementos sem regulamentação adequada também oferecem riscos.
O perigo está justamente no uso prolongado ou acima da dose recomendada. “Tomar mais de 4 gramas por dia de paracetamol ou usar anti-inflamatórios por longos períodos pode sobrecarregar o fígado, gerando subprodutos tóxicos que inflamam e lesam o órgão. Não há ‘protetores’ milagrosos; a melhor proteção é seguir doses e orientação médica”, reforça a especialista.
Sinais de alerta nem sempre são imediatos
Segundo Patrícia, os sinais de alerta nem sempre são imediatos, o que torna a situação ainda mais grave. Fadiga intensa, náusea, dor abdominal no lado direito, icterícia (pele e olhos amarelados), urina escura, fezes claras, coceira, inchaço abdominal ou confusão mental podem indicar lesão hepática, mas muitas vezes surgem tardiamente. “Por isso, os exames periódicos de função hepática são essenciais em quem faz uso contínuo de medicamentos”, afirma.
Para reduzir os riscos, a médica recomenda evitar o consumo de álcool durante tratamentos, manter uma rotina saudável com boa alimentação, hidratação e atividade física, além de não combinar medicamentos ou suplementos sem orientação. “Automedicar-se é sempre uma roleta-russa para a saúde do fígado”, finaliza a hepatologista.






