Muito antes dos clipes no YouTube e das faixas virais no streaming, havia resistência nas ruas, nas rodas de break, e nos microfones improvisados em rádios comunitárias. X, fundador do grupo Câmbio Negro, viveu tudo isso, e não esquece. Em entrevista exclusiva ao portal LeoDias, o artista detalhou essas lembranças.
Nos anos 1980, dançar break em Brasília podia ser motivo para levar pancada. “A gente tomava porrada da polícia só por estar dançando na rua”, lembra o rapper X. O artista fundou o grupo Câmbio Negro e venceu os dois primeiros concursos de rap do Distrito Federal.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Rapper X, líder do Câmbio NegroDivulgação Tomar porrada só por dançar: conheça a resistência cultural da periferia no DFDivulgação Tomar porrada só por dançar: conheça a resistência cultural da periferia no DFDivulgação
Voltar
Próximo
Leia Também
Cultura
A rebeldia mudou de endereço: seria o funk e o trap o novo rock?
Música
A volta da era de ouro do funk? Estilo domina topo das paradas do Spotify
Famosos
Advogado de Poze diz que músicas do artista são ficção e não fazem apologia ao crime
Música
Atração do Rock In Rio, Kevin O Chris fala da importância do funk na luta contra o preconceito
Naquele tempo, não havia redes sociais nem plataformas digitais. A divulgação era feita por meio de fitas, panfletos e, quando muito, rádios piratas. “Não tínhamos espaço nas rádios oficiais. Começaram a surgir as comunitárias, mas era tudo na raça”, relembra.
Apesar dos obstáculos, Câmbio viu no hip hop mais do que um estilo musical: “O rap faz parte de algo maior: o hip hop é atitude, é postura, é conscientização. A periferia sempre foi a base que sustenta o país.”
O artista ainda reconhece que o cenário atual oferece facilidades antes impensáveis, mas ainda observa desafios. “Hoje tem mais espaço, mas também tem mais ruído. O perigo é repetir o mesmo do mesmo. A mensagem tem que evoluir, senão se perde”, pontua.
Câmbio também alerta para o risco de despolitização: “Tem que respeitar todo mundo, mas não podemos ser ditadores musicais. Cada um tem sua forma de expressar. O importante é não perder a essência: consciência e raiz.”
Mais do que nostalgia, suas palavras servem de lembrete. A cena periférica de hoje só existe porque resistiu quando tudo era contra. E quem esteve lá não esquece.






