5 dezembro 2025

A revolta juvenil que virou crise no Nepal: como o país está agora

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Uma onda de protestos liderada por jovens no Nepal explodiu após o bloqueio de redes sociais e denúncias de corrupção. Com início nos primeiros dias de setembro, os confrontos com as forças de segurança deixaram dezenas de mortos e milhares de feridos, provocaram a fuga em massa de presos, a destruição de prédios públicos e a queda do governo. A partir desta sexta-feira (12/9), o país tenta conter um quadro humanitário e político delicado enquanto monta um governo interino.

Os protestos começaram depois que o governo impôs um bloqueio ou exigência de registro para dezenas de plataformas de redes sociais, incluindo WhatsApp, Instagram e Facebook. O episódio coincidiu com um movimento online de jovens denunciando “nepotismo” e corrupção entre as elites. A suspensão do acesso às plataformas e a reação em massa em redes motivaram manifestações populares que rapidamente se alastraram por Kathmandú e outras cidades.

Veja as fotosAbrir em tela cheia Principal prédio administrativo do Nepal pegou fogo em KathmandúReprodução: X/@cinecitta2030 The Hilton Hotel pega fogo no Nepal após protestosReprodução: X/@OurFavOnlineDoc Principal prédio administrativo do Nepal pegou fogo em KathmandúReprodução: X/@KenyanSays Protestos: de um lado, manifestantes; de outro, polícia localReprodução: X/@SusieM414141 Parlamento do NepalReprodução: X/@AdityaRajKaul Sushila Karki, ex-juíza que governa interinamente o paísReprodução: X/@sudheerktm

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Nesta última segunda-feira (8/9), milhares de jovens foram às ruas. Manifestações que começaram pacíficas incendiaram edifícios governamentais e terminaram em confrontos violentos com a polícia. Apesar disso, grupos da geração Z que lideram os protestos afirmam que não estão envolvidos nesses confrontos e que “oportunistas” estariam se infiltrando. Forças de segurança usaram gás lacrimogêneo, balas de borracha e munição letal. Em seguida, o país viveu atos de vandalismo contra o parlamento e outras sedes estatais.

A notícia mais chocante dos protestos veio após o portal local Khabar Hub divulgar que Rajyalaxmi Chitrakar, mulher do ex-primeiro-ministro do Nepal Jhala Nath Khanal, foi queimada viva em ataques de manifestantes. Imagens que circulam nas redes sociais mostram o corpo de Chitrakar com várias queimaduras e fumaça, enquanto manifestantes a retiram do prédio incendiado.

As estimativas de número de mortes variaram conforme as apurações. Agências internacionais reportaram primeiro cerca de 19 mortos e centenas de feridos; fontes ministeriais depois elevaram os números, com relatórios indicando 34 a 51 mortos e mais de mil feridos. Hospitais de Kathmandú e do interior receberam centenas de pessoas com ferimentos de bala, muitos em estado grave. Além disso, muitos feridos foram atingidos por projéteis em regiões vitais e seguem em observação.

O governo mobilizou a polícia e as forças armadas para proteger prédios públicos, com soldados fazendo guarda no parlamento e patrulha nas ruas em pontos estratégicos. A repressão foi alvo de críticas de grupos de direitos humanos, que acusam o Estado de uso excessivo da força. Em paralelo, o Executivo chegou a impor e depois suspender restrições à redes sociais em meio à crise.

Queda do governo e nomeação interina
O primeiro-ministro K.P. Sharma Oli renunciou após os episódios. Nas negociações que se seguiram foi indicada a nomeação de uma chefe de governo interina, a ex-juíza Sushila Karki, com a intenção de montar um gabinete de transição e investigar corrupção e abusos cometidos durante os protestos.

Nesta sexta-feira (12/9), Sushila tomou posse e se torna a primeira mulher a governar interinamente o Nepal. Segundo um representante dos manifestantes, Ojaswi Raj Thapa, Karki é a escolha preferida dos manifestantes e foi cotada por eles ao Exército. Ela ocupou o cargo máximo do Judiciário por cerca de um ano

Como está o país agora
Conforme a Reuters, após a onda de protestos, a presença militar e policiamento está reforçado em pontos-chave. Há também toque de recolher e restrições de circulação em algumas áreas.

Na área de serviços, os incêndios afetaram prédios oficiais e, segundo relatos, prejudicaram o atendimento administrativo em curto prazo. Hospitais seguem sob pressão, com filas e leitos ocupados por feridos.

A curto prazo o país convive com tentativa de estabilização política, operações de recaptura de presos e esforços para restaurar serviços essenciais. A médio prazo, o desfecho dependerá de investigações transparentes sobre as mortes, de eventuais reformas para conter a corrupção e de como as lideranças vão negociar a agenda de mudanças.

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