
Correligionários do presidente nacional do União Brasil, Antônio de Rueda, relataram ter ouvido uma conversa telefônica em que o dirigente partidário discutia a compra de aeronaves particulares. Segundo as testemunhas, Rueda teria afirmado possuir cinco jatinhos e manifestado interesse em expandir o número para dez, alegando que cada um poderia gerar cerca de R$ 500 mil mensais com serviços de táxi aéreo.
O episódio teria ocorrido no primeiro semestre de 2021, em Rio Branco (AC), após um almoço de trabalho, e foi detalhado pelo ex-presidente do PSL no Acre, Pedro Valério. De acordo com ele, a conversa aconteceu dentro de uma caminhonete Mitsubishi L200 Triton, conduzida por Valério, com Rueda no banco do passageiro e o ex-deputado federal Júnior Bozzella (União-SP) no banco traseiro.
“Na volta do almoço, Rueda recebeu uma ligação e a pessoa perguntava sobre o cálculo para pagar um jatinho. Bozzella questionou: ‘Tá comprando outro jatinho?’. Ele respondeu: ‘Tô. Tenho cinco, quero chegar a dez’. E explicou que cada avião rendia quinhentos mil por mês. Ele voava em seus próprios aviões, mas quem pagava as horas era o PSL. Um negócio da China”, relatou Valério.
Apesar dos relatos, Rueda não aparece oficialmente como proprietário de nenhuma aeronave. O dirigente negou possuir jatinhos ou ter qualquer ligação com investigados da Operação Carbono Oculto.
Operação Tank e possíveis investigações
A Polícia Federal investiga a suposta relação de Rueda com aeronaves avaliadas em aproximadamente R$ 60,4 milhões, registradas na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Parte delas está ligada ao contador Bruno Ferreira Vicente de Queiroz, filho de um ex-executivo da Galvão Engenharia, empresa investigada na Lava Jato.
As apurações formais envolvendo Rueda estão no escopo da Operação Tank, conduzida em Brasília em conjunto com a Carbono Oculto. Até o momento, o único registro direto ao presidente do União Brasil nos autos foi feito pelo piloto Mauro Caputti Mattosinho, ex-funcionário da TAP. Fontes próximas à investigação não descartam que uma frente específica possa ser aberta caso surjam novos indícios sobre a conduta de Rueda.
Enquanto isso, aliados como o deputado Luciano Bivar e o ex-ministro Mendonça Filho têm evitado se pronunciar. Já Júnior Bozzella confirmou lembrar da conversa, mas disse não comentar o assunto, afirmando estar afastado do União Brasil e vivendo “outro momento político”.






