5 dezembro 2025

“Black Mirror” na vida real? IA é “nomeada” ministra do governo da Albânia

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O governo da Albânia, país do sudeste da Europa, “nomeou” nessa última quinta-feira (10/9) um programa de Inteligência Artificial (IA) como a nova “ministra anti-corrupção” do país. Ao portal LeoDias, especialistas explicam que estamos longe de uma “revolução das máquinas”; mas que a medida ainda exige cautela.

Segundo informações do primeiro ministro albanês, divulgadas pela Reuters, a assistente virtual Diella, que já atuava no auxílio para emissão de documentos, agora vai passar por uma atualização para administrar todas as licitações públicas nas quais o governo terceiriza projetos a empresas privadas.

Veja as fotosAbrir em tela cheia Diella, assistente virtual do governo da Albânia foi “promovida” a programa que irá monitorar licitaçõesReprodução Diella, assistente virtual do governo da Albânia foi “promovida” a programa que irá monitorar licitaçõesReprodução Terapia por Inteligência ArtificialFoto: Reprodução/Freepik Os Perigos do Atendimento Nutricional por IA e Como Usá-la com SegurançaPexels Inteligência Artificial, um dos termos mais pesquisados no mundoFoto: Getty Images

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A medida seria para contornar a prática de lavagem de dinheiro utilizada por esquemas criminosos de dentro e fora do país.

“Diella é o primeiro integrante do gabinete que não está fisicamente presente, mas é virtualmente criado pela IA, e que nos ajudará a criar um país onde as licitações públicas são 100% livres de corrupção”, disse o primeiro ministro em comunicado à imprensa.

A especialista em Inteligência Artificial Victoria Luz reconhece que a medida pode ser polêmica, mas acredita que ela pode, de fato, trazer benefícios para o combate ao crime organizado no país.

“Uma IA não aceita suborno nem cede a pressões políticas, o que teoricamente garante neutralidade e critérios uniformes na supervisão de contratos públicos. Ao automatizar e monitorar todas as licitações, o sistema (batizado de Diella) pode analisar um volume enorme de dados com agilidade, identificando irregularidades em escala muito maior do que um humano conseguiria. Se bem programada, essa ‘ministra digital’ tende a aumentar a transparência, já que cada etapa dos processos ficaria registrada e visível, e a reduzir os famosos ‘jeitinhos’ e interferências indevidas”, avalia.

A especialista, porém, diz que a IA não é isenta de falhas, e que a complexidade da programação da assistente virtual deverá ser constantemente levada em conta pelos governantes.

“É fundamental que o funcionamento do algoritmo e seus critérios de decisão sejam transparentes, caso contrário a população pode desconfiar de um sistema que age como uma caixa-preta. Há também o risco de viés algorítmico, já que a IA pode reproduzir preconceitos ou erros dos dados com que foi treinada, tomando decisões tendenciosas sem que isso fique evidente. Outro ponto crítico é a responsabilização: se a inteligência artificial falhar ou for contornada por agentes corruptos, alguém precisa responder por isso”, alerta.

Para o bom funcionamento, Victoria Luz concluiu que, em um primeiro momento, a supervisão humana será “indispensável”.

“Se a Albânia conseguir demonstrar resultados concretos, reduzindo corrupção e aumentando a eficiência, essa experiência pode inspirar outros governos. Mas acredito que a adoção será gradual e só se popularizará se ficar claro que a tecnologia fortalece a integridade pública sem comprometer a confiança da sociedade, sempre combinando inovação, transparência e participação humana no processo”, conclui.

Detalhes sobre a implementação da IA Diella, que significa “Sol” em albanês, ou de como atuarão as autoridades juntos à assistente virtual, ainda não foram divulgados pelo governo da Albânia.

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