“Careca do INSS” diz que único contato com Congresso foi por cannabis

25/09/2025 18:26

Durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nesta quinta-feira (25/9), Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, afirmou que o único contato que teve com integrantes do Congresso Nacional ocorreu em uma visita à casa do senador Weverton (PDT-MA).

O depoente afirmou que o encontro foi porque ele estava interessado no processo regulatório da cannabis. “A aproximação com o senador Weverton foi meramente para tentar entender como anda o processo regulatório da cannabis aqui no Brasil. Seja na fábrica, no plantio, meramente isso”, afirmou ao acrescentar que tinha negócios relacionados à substância.

O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela PF e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela corporação na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23 de abril e que culminou nas demissões do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi.

“À época eu estava com uma representação de uma marca internacional de produtos à base de cannabis. Me identifiquei quem eu era, que eu era o representante, queria saber de que forma eu poderia contribuir, inteirar”, disse o empresário.

Antônio Carlos está preso desde 12 de setembro e é apontado como um dos principais operadores do esquema que desviou milhões de aposentados e pensionistas do INSS. O lobista tinha sido convocado a comparecer no colegiado em 15 de setembro, mas conseguiu no Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de não comparecer.

A presença de Antônio Carlos na comissão, então, é de forma espontânea. No entanto ele está protegido por um habeas corpus que o permite se negar a responder perguntas que possam lhe prejudicar judicialmente.

Mais cedo, o depoente chegou a levantar e ameaçar ir embora, mas isto acabou não se confirmando. A sessão foi retomada, mas Antunes não respondeu as perguntas do relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

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