6 dezembro 2025

Diplomacia conturbada entre Brasil e EUA não é de agora; relembre o histórico desde o século XX

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Nas últimas semanas, as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos voltaram ao centro da cena. As tensões se elevam em disputas comerciais, acusações de interferência política e sanções. A mais recente, por exemplo, vem do presidente Donald Trump. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse em coletiva de imprensa que o presidente da superpotência mundial “não tem medo de usar o poder econômico e militar” para garantir a liberdade de expressão em todo o mundo. A resposta foi dada após uma pergunta sobre o julgamento contra Jair Bolsonaro, que teve ampla repercussão nesta semana após sua condenação a 27 anos de prisão.

Além disso, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, prometeu uma resposta ao caso do ex-presidente, direcionando ainda críticas ao ministro Alexandre de Moraes, que foi relator da Ação Penal.

Veja as fotosAbrir em tela cheia Donald Trump falou dos ataques dos Estados Unidos contra o Irã neste sábado (21/6)Reprodução: Globo Lula apresenta novo slogan do governo em reunião com ministrosReprodução: Agência Brasil Donald TrumpReprodução: Instagram Luiz Inácio Lula da SilvaReprodução: YouTube/Canal Gov Pronunciamento de Lula na TV sobre soberania do Brasil após anúncio de TrumpReprodução: Internet

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Mas os acontecimentos atuais são apenas mais um capítulo de uma longa história de conflitos e reconciliações entre os dois países, que mantêm uma relação de cooperação intercalada com momentos de tensão há muitos anos. O portal LeoDias fez uma linha do tempo de como se chegou até aqui, desde o século XX até os tempos atuais, e os principais pontos de atrito:

Segunda Guerra Mundial
Durante a Segunda Guerra Mundial, que aconteceu entre 1939 e 1945, o Brasil estava sob o governo de Getúlio Vargas e inicialmente manteve uma posição de neutralidade. O governo procurou equilibrar relações comerciais com países do Eixo, como Alemanha, Itália e Japão, e com os Aliados. Porém, pressões diplomáticas e econômicas dos EUA, somadas aos ataques de submarinos alemães a navios brasileiros, impulsionaram uma mudança de postura.

Em janeiro de 1942, o Brasil rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo e permitiu a instalação de bases aéreas norte-americanas no Nordeste, como a de Natal, utilizada para apoiar o esforço aliado. Já em agosto, após intensos ataques navais contra embarcações brasileiras, Vargas declarou guerra à Alemanha e à Itália, integrando oficialmente o Brasil ao lado dos Aliados.

Décadas de 1970 e 1980
Conforme historiadores, a Guerra Fria trouxe uma desconfiança mútua entre os países. O Brasil, durante o regime militar, sofreu pressões relacionadas a direitos humanos e alinhamentos estratégicos dos Estados Unidos. Sob o governo Jimmy Carter, os EUA cobraram mais respeito aos direitos humanos e criticaram práticas da ditadura militar brasileira, algo que gerou atritos diplomáticos na época.

Logo depois, nas crises do petróleo e do gás, e nas disputas nucleares, o Brasil buscava autonomia energética. Mas foi anos depois, em 2010, que o Brasil se juntou ao Irã e à Turquia e firmou o Acordo de Teerã, sobre enriquecimento de urânio iraniano como tentativa de mediação internacional e gesto de autonomia diplomática.

Revelações de espionagem
Os documentos vazados pelo analista de sistemas Edward Snowden mostraram que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) monitorava comunicações da presidente Dilma Rousseff e assessores.

Na época, o caso foi um escândalo, já que ficou comprovado que os documentos indicavam interceptações de e-mails, ligações telefônicas e dados da Petrobras, o que gerou grande repercussão internacional. O Brasil protestou oficialmente, inclusive com a convocação de embaixador dos EUA para explicações.

Dilma chegou a cancelar a visita de Estado a Washington em 2013, que seria a primeira de um presidente brasileiro em quase duas décadas. O episódio marcou uma das maiores crises diplomáticas entre Brasil e EUA nas últimas décadas.

Relações sob governo de Lula
Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2010, a política externa brasileira se caracterizou por uma postura independente e ativa, a fim de ampliar a influência do país em fóruns multilaterais e fortalecer laços com nações da América Latina.

Mas, essa estratégia gerou atritos com os Estados Unidos, especialmente em relação ao apoio do Brasil a regimes considerados adversários por Washington, como os de Cuba e Venezuela.

A aproximação com Cuba incluiu críticas ao embargo econômico imposto pelos EUA à ilha e o apoio a programas de cooperação. Em relação à Venezuela, o Brasil inicialmente manteve uma postura de apoio. Foi em 2024, no governo mais recente de Lula, que o país vetou a entrada da Venezuela no grupo BRICS, citando falta de transparência nas eleições presidenciais venezuelanas como justificativa.

Relações sob governo de Bolsonaro
O governo de Jair Bolsonaro adotou uma postura fortemente alinhada aos Estados Unidos sob Donald Trump em termos ideológicos, com discurso conservador, críticas ao multilateralismo e aproximação com Israel.

Apesar do alinhamento, houve fortes tensões no campo ambiental. A gestão Bolsonaro enfrentou críticas internacionais pela alta do desmatamento na Amazônia e pelas queimadas de 2019. Isso repercutiu negativamente na imagem externa do Brasil e chegou a ser pauta de atritos com governos estrangeiros, incluindo pressões indiretas dos EUA.

A política ambiental brasileira prejudicou as negociações comerciais, como o acordo Mercosul–União Europeia, e desgastou a percepção do país em fóruns internacionais. Mesmo com Trump como aliado, o Brasil passou a ser visto com desconfiança em relação à proteção ambiental e compromissos climáticos.

O problema mais recente
O governo dos EUA anunciou um aumento para 50% nas tarifas de produtos importados do Brasil, justificando desigualdades comerciais e alegadas interferências políticas do Brasil, especialmente relacionadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em resposta, o Brasil advertiu usar sua lei de reciprocidade para impor tarifas contra produtos americanos.

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