21 dezembro 2025

Executivos da Fast Shop são investigados por envolvimento em esquema bilionário de propina

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As apurações sobre fraudes na Secretaria da Fazenda de São Paulo (Sefaz-SP) revelaram que executivos de alto escalão da Fast Shop teriam atuado em um esquema de corrupção com ramificações bilionárias. Documentos obtidos pelo O Globo colocam o diretor estatutário da empresa, Mário Otávio Gomes, no centro das tratativas, em articulação direta com o auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto. As informações são do O Globo.

Um dos principais indícios que sustentam a acusação é o intenso volume de trocas de mensagens entre os dois. Apenas entre 2022 e 2024, foram contabilizadas mais de 200 conversas, além de dezenas de e-mails em momentos decisivos para os processos em análise.

Veja as fotosAbrir em tela cheia Mario Otávio Gomes diretor da Fast ShopReprodução / LinkedIn Fotos dos itens apreendidos durante a operaçãoReprodução / Globo Dinheiro apreendido durante operação do MPReprodução / Globo Fast Shop se pronunciaReprodução / Freepik

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Segundo os investigadores, Mário tinha a função de representar a varejista nos contatos com a Smart Tax, escritório que intermediava os pagamentos de propina. Em decisão judicial recente, ele aparece ao lado de Artur e de Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, como parte do núcleo duro da operação, todos descritos como pessoas de “elevado poder econômico” e capazes de manipular investigações para destruir provas.

O auditor Artur Neto foi preso no dia 12 de agosto, juntamente com Sidney e Mário. Embora o Ministério Público aponte que a relação entre o servidor e a Fast Shop era a mais antiga descoberta até agora, os dois empresários foram soltos após obterem habeas corpus que suspendeu o pagamento das fianças.

R$ 1 bilhão em cinco anos
A apuração mostra que o esquema se repetia com diferentes empresas, mas o padrão era sempre o mesmo: Artur oferecia “consultoria” desde o envio inicial de documentos até a etapa final, assinando pessoalmente os reembolsos. A estimativa é que o grupo tenha movimentado cerca de R$ 1 bilhão ao longo de cinco anos.

Há registros de que Mário também tratava diretamente com o contador da Smart Tax, Agnaldo de Campos, a quem comunicou, por exemplo, que a Fast Shop havia compensado mais de R$ 8 milhões em tributos.

Para sustentar essa “prestação de serviços”, Artur recebia valores disfarçados como pagamentos de consultoria via Smart Tax, registrada no nome de sua mãe. O crescimento vertiginoso da empresa, de R$ 411 mil em 2021 para R$ 2 bilhões em 2023, foi um dos pontos que levantou suspeitas dos investigadores.

Outro fator considerado grave foi a chamada “inversão de papéis”. Em vez de ser fiscalizada, a varejista entregava notificações oficiais da Delegacia Regional Tributária de Osasco ao próprio auditor, que deveria “resolver” as pendências. Em um dos episódios, Artur repassou documentos a outro servidor, Marcelo de Almeida Gouveia, responsável pela liberação de benefícios fiscais à companhia.

Estrutura organizada dentro da empresa
As investigações também indicam que o esquema não se limitava a contatos isolados, mas estava distribuído em diferentes camadas da hierarquia da Fast Shop. Mário é apontado como “articulador principal”, enquanto outros integrantes da área fiscal davam suporte às operações.

Caroline Camargo Godoy, então coordenadora fiscal, é mencionada como figura de destaque no processo, por ter mantido contato direto com o auditor em reuniões presenciais para tratar de pagamentos ilícitos. Ela era responsável por viabilizar e certificar repasses feitos pela Fast Shop à Smart Tax, o que foi comprovado por registros de mensagens e e-mails trocados desde dezembro de 2024.

A analista fiscal Ellen Franciane Pereira Silva também aparece como interlocutora junto a Artur, enviando arquivos de créditos de ICMS-ST e recebendo comunicados sobre decisões favoráveis. Já o coordenador Felipe Signorelli Reis participava de reuniões virtuais e recebia notificações internas sobre concessões de créditos. A ex-gerente fiscal Juliana Gonzaga Ruzsicska igualmente figurava nas listas de destinatários informados sobre liberações.

Segundo os relatórios, havia divisão clara de funções: “enquanto Mário e Caroline conduziam as negociações e pagamentos, Ellen e Felipe atuavam na parte operacional e no fluxo de informações”.

As trocas de mensagens mostram que as práticas não ficaram no passado: apenas em 2025, foram identificados 65 e-mails entre Mário e Artur.

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