5 dezembro 2025

Chris Flores: “Acredito que o jornalismo seja a base para tudo”

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A jornalista Chris Flores, novo reforço do time de apresentadores da Band, estreia nesta segunda-feira no “Melhor da Tarde”.

Chris tem 30 anos de carreira, 20 deles dedicados à televisão, e estará ao lado de Leo Dias e JP Vergueiro, levando e comentando informações sobre o universo dos famosos, entre outros temas do dia a dia. Trata-se de um novo desafio sempre carregado de uma emoção diferente.

A seguir, trechos de uma conversa com a jornalista:

Nessa época de rede social e imediatismo, como você vê o papel do jornalista?

CF – Graças a Deus, nós temos o jornalismo. Acredito que o jornalismo seja a base para tudo que se propõe a fazer conteúdo. Sei que temos vários criadores de conteúdo hoje que não são jornalistas, mas percebo que aqueles que querem fazer um trabalho sério (e até aqueles que não querem) se inspiram no jornalismo.

É a base de como passar notícias, informação, de como falar e de como filmar. Isso está na origem de todo criador de conteúdo. Ligar uma câmera e começar a falar já é jornalismo. Quem trouxe isso para a nossa realidade na comunicação foi o jornalismo. Ele está na base de tudo que se propõe a passar conteúdo.

Quais são as diferenças? O jornalista tem as técnicas, ele estuda para isso. Ele lê, escreve e grava. Ele obtém essas técnicas com o estudo da graduação. Por isso o estudo é tão importante. Sou muito fã de estudar, em qualquer área, porque sempre se aprende, se debate e se promovem trocas com colegas e professores. Aprende-se com professores, com profissionais gabaritados. Faculdades sérias sempre realizam a semana do jornalismo, por exemplo, levando profissionais do mercado para conversar.

Acredito que muitos produtores de conteúdo nas redes sociais são muito sérios e buscam checagem, além de uma produção de conteúdo de qualidade. Geralmente, estão associados a uma equipe que inclui jornalistas. Consumo muitos produtores de conteúdo nas redes sociais, adoro vários, inclusive os que não são jornalistas, mas que demonstram esse comprometimento. Falo tanto na checagem porque vivemos a era da fake news.

A fake news é muito nociva, pois pode matar uma pessoa. Isso ocorre quando você traz uma informação que não existe e influencia alguém a consumir algo que pode levar à morte, implicar na saúde ou no endividamento dessa pessoa. Muitas vezes, destrói famílias. Também pode ser por meio de inspiração em pessoas que te colocam para baixo, comprometendo sua saúde mental. A pessoa passa a acreditar que, se não seguir um determinado padrão, não pode viver ou não faz parte da sociedade.

É um momento em que devemos ter muito cuidado, pois, assim como há muita coisa boa, há muita porcaria sendo feita. Existem pessoas com milhões de seguidores (orgânicos ou comprados), o que cria a falsa sensação de que aquela pessoa fala por todos e que só traz verdades, o que não é o caso.

Embora se possa não gostar de uma linha editorial, existe ali um comprometimento com a credibilidade. Os profissionais precisam entender que representam o nome de uma empresa e o seu próprio nome. Os criadores de conteúdo também, mas se não houver comprometimento, podem mudar de área facilmente. O jornalista que se propõe à profissão depende daquele nome e daquela carreira. Fazer algo errado, propagar mentiras e falsas informações acaba com a carreira do jornalista.

Devemos ter consciência de que hoje muitos políticos e não políticos querem acabar com a nossa credibilidade e profissão, justamente porque se alimentam disso, vendem fake news e não querem ser refutados. O jornalista faz esse papel. É o jornalista, que junto às agências de checagem, aponta: “Isso não presta, isso é mentira. Essa pessoa não merece sua confiança”. Esse é o grande medo. Por isso há o embate, e temos que estar firmes e fortes para enfrentá-lo.

Por que voltar agora?

CF – Eu decidi voltar agora porque achei que era o momento certo. Eu precisei desses dois anos para cuidar de mim, da minha saúde. Estava precisando olhar mais de perto para a minha saúde. Eu fiz uma cirurgia de coluna. Tive uma hérnia muito grave na cervical e paralisei meu braço completamente. A hérnia paralisou meu braço esquerdo e eu comecei a perder os movimentos do braço. Tive dores muito, muito fortes. Eu precisei realmente parar e cuidar da minha saúde. Fui acumulando algumas coisas na saúde, você vai deixando de lado. É aquela questão que a gente tem de trabalhar incessantemente. São 20 anos de TV, aproximadamente, muito tempo na TV ao vivo e diária. Isso faz com que às vezes você deixe planos, sonhos, cuidados de lado para entregar o melhor ali no ar. Deixei minha saúde de lado, principalmente essa questão da coluna, que foi muito grave também.

Tive meu pai num momento muito delicado, com uma doença neurodegenerativa. Eu vi uma luzinha se apagando aos poucos e achei por bem estar cada dia mais perto dele. Estava cuidando dele, oferecendo todo o meu suporte de amor, de carinho, de atenção, de cuidado. Eu não sei ainda até quando meu pai vai estar aqui nesse plano, mas sei que enquanto ele estiver aqui não vai faltar amor, atenção, cuidado.

Eu amo o meu público, amo as pessoas que acompanham o meu dia a dia. Não teve um dia que eu saísse na rua que alguém não viesse falar comigo: “Você precisa voltar, você é necessária, a gente gosta de te ouvir, a gente gosta de te ver. Volta, por favor”. Era tão carinhoso, era tão genuíno que eu imaginava que um dia voltaria, não sabia quando. Este convite foi irrecusável. Voltar com Leo Dias, que é uma pessoa que eu admiro, que eu respeito muito, que eu conheço de perto e sei da sua força, mas também de todas as suas fragilidades. Olho para o Leo com um olhar muito maternal.

Sei que mora ali um ser que precisa de carinho, que precisa de atenção, porque dá tudo de si para fazer o melhor. Já trabalhei com ele duas vezes. Trabalhei na Contigo e trabalhei no Focalizando no SBT. Agora vou para a terceira vez com Leo. Já posso pedir música. Foi um convite irrecusável dele e da Band, uma emissora na qual eu não tinha trabalhado. Mas todos os meus colegas que passaram pela Band ou que estão na Band sempre falam e falaram com muito carinho. Falo colegas, não só pessoas que estão ou estiveram no ar na Band, mas toda a equipe de retaguarda ali dos bastidores. São pessoas com quem trabalhei nas outras emissoras e que trabalhavam na Band ao mesmo tempo ou que já tinham trabalhado. Encontrei agora pessoas maravilhosas que trabalharam também comigo na Record, no SBT, e disseram: “Você vai ser muito feliz aqui, você vai amar demais”. Pessoas que estiveram no vídeo também falaram para mim: “Você vai ser muito feliz”.

E que estão no vídeo, falam: “Você vai ser muito feliz”. A Band é uma casa que trata muito bem os funcionários e todo mundo sai muito feliz de lá. Isso dá aquele quentinho no coração. É a casa do conteúdo de qualidade. É a casa que tem aquele pilar do conteúdo, do jornalismo.

As oportunidades chegam na hora que têm que ser. Ela caiu no meu colo. Falei: “A hora é agora”. Analisei isso: o momento é agora. Tenho certeza que vou ser muito feliz, porque já estou sendo muito feliz. Estou muito segura, a gente tem que estar muito segura do que a gente quer. Vou dar tudo de mim, como eu sempre dei para.

Hebe Camargo marcou sua carreira de alguma maneira? Foi uma referência?

CF – Hebe, que saudade da Hebe. A Hebe está naquele potinho das pessoas que não morrem jamais. Nós a temos no coração, e até esquecemos que essas pessoas partiram, porque a memória é tão forte que elas são realmente eternas na nossa vida, como para mim são o Silvio, o Gugu, e o Paulo Henrique Amorim, que foi a pessoa que me deu a mão e me descobriu na TV como apresentadora, dando-me dicas valiosas.

O Silvio, que honra trabalhar com o Silvio! Pude aprender com ele, ouvir seu conselho, e receber seus elogios. A Hebe, o Gugu também. Aprendi muito com o Gugu, pude trabalhar com ele e receber suas dicas. Esses três que mencionei me ensinaram demais. Tive a honra de trabalhar com os três e certamente me inspiro em todos eles.

A Hebe é a mulher que abriu as portas para nós. Ela mostrou que mulher pode ser apresentadora, que mulher pode mandar no seu próprio nariz, que pode ter uma vida pessoal cheia de desafios, mas ainda assim ter resiliência. Ela ensinou a não aceitar o que é dado pronto, mas a fazer a própria história. Marcou o nome na história, não só da televisão, mas na vida das mulheres. Ela foi adiante do tempo dela, ela foi uma diva do rádio, uma diva da televisão, uma diva na vida das mulheres. Abriu o caminho, escancarou as portas para todas nós. Até o fim, até os últimos dias dela, foi apaixonada pela vida e pela televisão.

Aprendi muito com a Hebe, muito nos bastidores. Uma das coisas curiosas que aprendi com Hebe, além de falar e se portar, foi como sentar no sofá. Isso parece muito bobo, mas não é. Com toda a classe e elegância, ela mostrou como sentar, como estar ali com aquelas pernas maravilhosas. Elas eram o grande segredo da vida dela. O jeito de sentar no sofá privilegiava aquelas pernas maravilhosas que só ela tinha. A maneira de sentar era uma postura de mostrar a quem estava em casa que você estava entrando na casa dessa pessoa com muita elegância, com muita dignidade. Ensinou também a se colocar naquele sofá olhando para os convidados, em um lugar onde se pudesse estar próximo de quem estava à sua direita, à sua esquerda e de quem estava na câmera.

É sobre técnica. Nada é feito de maneira aleatória. É preciso sempre pensar em como fazer o melhor para quem está em casa e reaprender todos os dias. A Hebe sempre teve espontaneidade, respeito à casa onde trabalhava, respeito ao telespectador e à equipe de trabalho. A Hebe fazia muitas coisas nos bastidores que as pessoas desconhecem e que ela nunca divulgou, porque fazia de coração. Ela fazia por saber que a televisão era a vida dela, como tinha sido o rádio.

Tenho muito amor e muita gratidão à Hebe e ela sempre será uma referência. Fico muito triste e desrespeitoso quando alguém diz: “Eu vou ser a nova Hebe “, “Eu sou a nova Hebe”. Não existe nova Hebe. A Hebe é única. Não há novo Silvio, novo Gugu, ou novo Paulo Henrique. Todos nós somos únicos. Cada um tem que construir a sua história. Inspiração e referência são uma coisa, querer ser a pessoa é outra. É muito feio querer ser alguém, porque isso significa que você quer o lugar desta pessoa para substituí-la. As pessoas são insubstituíveis.

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