O afastamento de Luan Pereira da “Dança dos Famosos“, competição do “Domingão com Huck”, da TV Globo, por causa de cálculos renais, chama atenção para um problema de saúde cada vez mais estudado: uma pesquisa com 226 mil pessoas aponta que trabalhar em turnos irregulares aumenta o risco de desenvolver pedras nos rins. O caso do cantor sertanejo evidencia, na prática, os impactos que horários alternados podem ter sobre a função renal e reforça a importância de atenção à saúde para quem mantém uma rotina laboral fora do padrão.
Um estudo da Universidade Sun Yat-sen, na China, revelou que trabalhar em turnos irregulares eleva em 15% o risco de desenvolver cálculos renais, em comparação com quem mantém uma rotina laboral regular. Para profissionais que atuam frequentemente à noite ou em escalas alternadas, como nas áreas de segurança, medicina e transporte, o risco sobe para 22%. A pesquisa é o maior estudo já realizado sobre saúde ocupacional e doenças renais, com 226 mil pessoas acompanhadas por 14 anos.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Luan Pereira abandonou a “Dança dos Famosos”, do “Domingão com Huck”, na Globo, por problema de saúdeReprodução/Instagram @luanpereiracantor Luan Pereira desabafa após nova internação por pedras nos rinsReprodução/Instagram/@luanpereiracantor Trabalhar em escala aumenta em 15% o risco de desenvolver cálculo renal, a famosa pedra nos rinsFreepik Trabalhar em escala aumenta risco de cálculo renal, aponta estudo com 226 mil pessoasFreepik
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O cálculo renal, ou nefrolitíase, é uma das doenças urológicas mais comuns, com prevalência entre 1% e 13% da população mundial. Embora geralmente curável, metade dos pacientes sofre recorrência em até 10 anos. Além da dor intensa, o problema aumenta o risco de insuficiência renal crônica e doenças cardiovasculares, sendo também uma das principais causas de afastamento do trabalho.
No Brasil, cerca de 10% dos adultos têm pelo menos um episódio de cálculo ao longo da vida, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Dados do Ministério da Saúde mostram que as internações associadas ao problema têm crescido anualmente. A OIT estima que 1 em cada 5 trabalhadores no mundo realiza atividades em turnos, enquanto o IBGE aponta que 6,9 milhões de brasileiros trabalham em horários atípicos.
Como o turno afeta os rins:
O estudo aponta que a exposição a horários irregulares, especialmente à noite, desregula o ritmo circadiano, afeta o metabolismo e a secreção hormonal, prejudicando a função renal. Pesquisas anteriores já mostraram que trabalhadores noturnos têm maior propensão à obesidade, hipertensão e doenças cardiovasculares, fatores que também favorecem a formação de cálculos.
Até 22% do efeito do trabalho em turnos sobre o risco de cálculo renal está associado ao aumento do peso corporal, enquanto tabagismo e sono inadequado respondem por cerca de 6% cada. Por outro lado, a ingestão adequada de líquidos, especialmente água, chá e café, mostrou reduzir a chance de cálculo em quase 18%.
“Fumar, dormir mal, permanecer longos períodos sentado e ter índice de massa corporal elevado foram identificados como mediadores importantes da relação entre trabalho em turnos e formação de cálculos renais”, afirmam os pesquisadores Man He e Yin Yang.
O estudo analisou dados do UK Biobank, banco britânico com informações de meio milhão de voluntários. Foram incluídos 226.459 participantes, com idades entre 37 e 73 anos, empregados ou autônomos, sem histórico prévio de cálculo renal. Entre 2006 e 2023, 2.893 desenvolveram nefrolitíase.
Sedentarismo e risco adicional:
Os efeitos foram mais evidentes em trabalhadores com menos de 50 anos e em atividades de baixo esforço físico, possivelmente devido à menor ingestão de líquidos.
Segundo Yin Yang, epidemiologista e coautor do estudo, os resultados reforçam a necessidade de políticas de saúde voltadas para trabalhadores em turnos: “Nossas descobertas indicam que o trabalho em turnos deve ser considerado um fator de risco para cálculos renais. É preciso promover estilos de vida saudáveis, incluindo hidratação adequada, manutenção do peso, sono regular e redução do sedentarismo e do tabagismo”.
Os pesquisadores concluem que pequenas mudanças no estilo de vida podem reduzir significativamente o risco da doença: “Intervir em fatores modificáveis, como peso corporal e hábitos de sono, pode evitar uma parcela considerável dos casos de cálculo renal entre trabalhadores em turnos”.






