
O brilho que encanta bolos e sobremesas virou alvo de polêmica nas redes sociais e no setor de confeitaria. A Anvisa reforçou que glitter feito com polipropileno (PP) ou outros plásticos não deve ser ingerido, após denúncia do influenciador Dario Centurione, do canal Almanaque SOS. O vídeo de Centurione, que viralizou, mostrou bolos e doces com brilho intenso e questionou a segurança do material.
O influenciador explicou que “não existe glitter comestível industrializado” e defendeu que todos os produtos seguros para consumo devem trazer a palavra “alimentício” no rótulo. Centurione destacou que confeiteiras e lojistas foram induzidos ao erro, e classificou o uso de glitter plástico como um problema de saúde pública, especialmente porque o público-alvo são crianças.
Tipos de glitter e pós decorativos
Especialistas distinguem diferentes produtos:
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Pó decorativo industrializado com PP ou PET: contém plástico, serve apenas para decoração externa e não deve ser ingerido.
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Glitter com PP, PET, PVC, PMMA ou resina: plástico não comestível, semelhante à purpurina de papelaria.
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‘Glitter’ caseiro comestível: feito com ingredientes alimentares como amido, gomas e corantes, seguro para consumo.
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Pó decorativo alimentício industrializado: precisa ter rótulo com “para fins alimentícios” e código INS, podendo conter traços controlados de metais.
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Produtos artesanais para papelaria ou cosméticos: não aprovados para uso em alimentos.
Os rótulos de produtos alimentícios devem informar ingredientes, código INS, validade, lote, presença de alergênicos e indicar claramente que se trata de produto alimentício. A ausência dessas informações indica que o produto não deve ser ingerido.
Confeiteiras relataram que foram induzidas ao erro por treinamentos, tutoriais e pela exposição de produtos decorativos ao lado de itens alimentícios em lojas e feiras. Rosangela Policarpo afirma que “nenhuma confeiteira vai a uma loja comprar produto para artesanato; então não deveriam vender naquele local”.
Profissionais do setor lembram que a responsabilidade é compartilhada entre fabricantes, lojistas, confeiteiros e órgãos fiscalizadores. Julia Postigo, professora e influencer de confeitaria, aponta que empresas promovem lives, aulas e vídeos usando glitter plástico diretamente em alimentos, criando uma disseminação velada de informações incorretas.
Após a repercussão, a Iceberg Chef afirmou que sempre deixou claro a diferença entre linha decorativa e alimentícia, mas decidiu retirar produtos com PP de sua linha. A Mago ressaltou que seu “Pó para decoração Brilho” é voltado apenas a trabalhos artesanais, mas confeiteiras alegam que a marca promoveu o uso do produto como alimentício em vídeos e treinamentos.
A Anvisa reforça que sua atuação é voltada à comercialização de alimentos, e não regula materiais de papelaria ou artesanato. O alerta serve para conscientizar confeiteiros e consumidores sobre os riscos de ingerir glitter de plástico.






