
O Rio de Janeiro viveu nesta terça-feira (28) cenas de guerra na que se tornou a operação mais letal da história do estado, com 64 mortos – sendo 4 policiais – e 81 presos durante megaoperação contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte. Os números foram confirmados pelo Palácio Guanabara.
A violência se espalhou pela cidade quando o tráfico orquestrou represálias em várias regiões. Na Linha Amarela, na Grajaú-Jacarepaguá e na Rua Dias da Cruz, no Méier, entre outros locais, criminosos ergueram barricadas com veículos tomados e entulho. O Centro de Operações e Resquiência (COR) elevou o estágio operacional da cidade para nível 2 em uma escala de 5.
A Polícia Militar determinou que todo o efetivo fosse para as ruas, suspendendo atividades administrativas. Até a última atualização, a ação ainda estava em andamento, com relatos de mais baleados.
A investida representa mais uma etapa da Operação Contenção, iniciativa permanente do governo estadual contra o avanço do CV por territórios fluminenses. Cerca de 2.500 agentes saíram para cumprir 100 mandados de prisão.
A chegada das equipes, ainda no fim da madrugada, foi recebida com tiros e barricadas em chamas. Um vídeo registrou quase 200 disparos em um minuto, em meio a colunas de fumaça. Criminosos adotaram táticas como lançar bombas com drones e fugiram em fila indiana pela parte alta da comunidade, cena que remete à ocupação do Alemão em 2010.
Entre os policiais mortos estão:
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Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51, conhecido como Máskara, recém-promovido a chefe de investigação da 53ª DP (Mesquita)
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Rodrigo Velloso Cabral, 34, da 39ª DP (Pavuna)
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Cleiton Searafim Gonçalves, do Bope
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Herbert, também do Bope
Do balanço parcial constam:
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60 suspeitos mortos em confronto (dois da Bahia e um do Espírito Santo)
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4 policiais mortos (2 da PC e 2 da PM)
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3 civis feridos: homem em situação de rua (atingido nas costas), mulher em academia (já liberada) e homem em ferro-velho
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75 fuzis, 2 pistolas e 9 motos apreendidos
Entre os presos está Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo, um dos chefes do Comando Vermelho da região, e Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro do alto chefe do CV Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso.
A operação paralisou serviços essenciais:
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Saúde: 5 unidades de Atenção Primária suspenderam atendimento
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Educação: 28 escolas municipais fecharam no Alemão; 17 na Penha; 4 estaduais
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Transporte: 12 linhas de ônibus tiveram itinerários alterados
O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que a operação foi planejada com antecedência e não contou com apoio federal. “São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem no Rio de Janeiro”, disse, destacando que 280 mil pessoas vivem nas áreas afetadas.
A ação, que também conta com promotores do MPRJ, resultou de um ano de investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Parte dos procurados, pelo menos 30, é do Pará.
O Gaeco/MPRJ denunciou 67 pessoas por associação para o tráfico e 3 por tortura. Segundo a promotoria, o Complexo da Penha se tornou base do projeto expansionista do CV pela região de Jacarepaguá, com Edgar Alves de Andrade (Doca) como principal liderança.
A operação continua com helicópteros, blindados, veículos de demolição e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate.
Foto da operação

Equipes deixam a Cidade da Polícia na manhã desta terça (28) — Foto: Reprodução/TV Globo

Barricadas em chamas em reação à Operação Contenção — Foto: Reprodução/TV Globo

PM em escadaria do Complexo do Alemão durante operação na manhã desta terça-feira (28) — Foto: Reprodução

Agentes das forças de segurança em escadaria no Complexo do Alemão — Foto: Reprodução

Barricada incendiada em rua do Complexo do Alemão durante operação de forças de segurança na manhã desta terça-feira (28) — Foto: Reprodução

Barricada incendiada no Alemão — Foto: Reprodução






