
Durante a entrevista, ele recordou a prática antiga de “visgar peixe debaixo d’água”, uma técnica usada pelos ribeirinhos para capturar peixes grandes, como o paute. Avelino conta que a pescaria acontecia no verão, principalmente entre abril e maio, período de águas mais baixas. Os peixes eram fisgados com linha e anzol enquanto permaneciam encostados debaixo d’água, em poções profundas que chegavam a quatro braços.
“O peixe ficava acostado embaixo da água, embaixo das gaeiras. Aí a gente encostava na aba dele. Quando ele abria e descia, a gente puxava lá de cima. Era só em poção funda”, relembra.
Além das pescarias, Avelino também ficou conhecido pelos mergulhos ousados que realizava. Um dos episódios mais marcantes aconteceu no Lago do Paneiro, um local conhecido pelos moradores por abrigar piranhas. No relato ao jornalista, ele descreve o momento em que foi desafiado a mergulhar para recuperar uma ariranha que havia caído e afundado no lago.
“Me perguntaram se eu tinha coragem de mergulhar no Lago do Paneiro. Eu disse que tinha. A ariranha tinha caído e afundado. Mergulhei fundo, peguei ela e voltei. Me deram até uma gratidão por isso”, contou, sorrindo.
A aventura, segundo ele, ocorreu no Rio Macauã, quando ainda era jovem e trabalhava nos seringais. Apesar dos riscos, Avelino fala com orgulho da coragem que tinha e que, segundo ele, o acompanhou pela vida inteira.
Hoje, aos 71 anos, Avelino vive com saúde, depois de atravessar até mesmo a pandemia sem complicações. Suas narrativas chamam atenção não apenas pela coragem, mas pela riqueza cultural que carregam, retratando uma Amazônia vivida, sentida e respeitada.
“Histórias como a de Avelino são um patrimônio da nossa região”, destacou o jornalista Jota Cavalcante ao encerrar a entrevista.






