7 dezembro 2025

Ex-funcionário do Itaú denuncia assédio moral e sexual do então gestor em agência no Rio

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Práticas intimidatórias, constrangimento degradante e falta de paz no ambiente de trabalho. É isso o que o ex-gerente Uniclass do Itaú Unibanco, João Figueredo, revelou ter sofrido durante um ano dentro da instituição, em uma agência no Rio de Janeiro. Em entrevista ao portal LeoDias, o rapaz relatou graves denúncias de assédio moral e sexual que teriam sido cometidos pelo seu ex-gestor de novembro de 2024 até o presente mês. O relato, repleto de detalhes, reacende o debate sobre práticas abusivas no ambiente corporativo e a urgência de proteger funcionários de condutas que ultrapassam qualquer limite ético e profissional.

Desligado da empresa recentemente, ainda neste mês de novembro, João contou que o comportamento do gestor começou com “brincadeiras”, mas rapidamente evoluiu para situações invasivas. Sem revelar nomes, já que o processo judicial contra o banco está em segredo de Justiça, ele afirmou que o superior o tocava sem consentimento, fazia comentários constantes sobre seu corpo e sua genitália, além de sugerir situações de cunho sexual envolvendo outros colegas.

Veja as fotosAbrir em tela cheia João Figueredo era gerente Uniclass do bancoReprodução: Instagram/@joaofigueredo João compartilhou seu relato no Instagram tambémReprodução: Instagram/@joaofigueredo Posicionamento do Banco Itaú ao portal LeoDias sobre o casoReprodução: Portal LeoDias Banco ItaúDivulgação: Itaú Banco ItaúDivulgação: Itaú

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“Já me deu tapa na bunda e brincadeiras com o volume da minha genital era o tempo inteiro pauta na agência. Ele gostava muito de demonstrar o desejo que ele tinha de ser voyeur em contatos sexuais. Por exemplo, uma vez ele falou pra eu ficar com outro gerente da agência porque eu tinha uma genital grande e o gerente tinha uma bunda grande e ele ia querer ver essa interação. Ele já sugeriu suruba coletiva pra gente. Ele instruía as meninas a usar roupa sexy mesmo para induzir a venda”, relatou João.

Assédio diário e medo de represálias
João explicou que os episódios aconteciam de forma reiterada. “Quando você recebe um comentário desses uma única vez, é fácil se mostrar incomodado. Agora, diariamente, de uma pessoa da qual dependemos em relação ao nosso trabalho, mesmo que não instantaneamente, mas em alguma esfera, é delicado lidar com essa situação de forma muito bruta”, disse, lembrando que, dentro de uma instituição com forte hierarquia como um banco, o receio de perder o cargo impedia uma resistência mais contundente.

O ex-gerente também contou que o gestor forçava intimidade com vigilantes e estagiários da agência, fazendo comentários sexuais sobre eles. Em uma ocasião, segundo João, o gestor enviou uma foto de um candidato a estágio afirmando ter decidido contratá-lo pela aparência física.

Além do assédio sexual, João afirmou ter sofrido pressão psicológica e perseguição profissional. Ao portal, ele relatou que, mesmo antes de ser oficialmente seu gestor, o homem passou a segui-lo nas redes sociais, insistir em convites e até aparecer sem autorização em sua agência. “Ele foi até a minha agência sem que o meu gestor na época autorizasse, para entender como estava indo o nosso resultado, porque eu sempre fui um profissional de alta performance. E aí, quando ele chegou na agência, colou em mim, ficou o dia inteiro em cima de mim, no meu cangote, me perturbando, fazendo perguntas totalmente desconfortáveis e que não eram pertinentes ao cargo dele em relação a mim; ele não era meu gestor. E, no fim do dia, ele ainda pediu para tirar uma selfie comigo, dentro da formalidade mesmo empresarial”, disse.

Denúncias ignoradas e ambiente “insalubre”
João contou que ele e parte da equipe, cerca de seis funcionários, denunciaram o gestor ao banco ainda no meio do ano de 2024 por práticas antiéticas, assédio moral e condições de trabalho precárias: “A agência já ficou quatro dias sem circulação de ar. Não é que o ar não gelava, é que não circulava ar. Uma agência bancária fechada, sem circulação de ar, com seis ventiladores movimentando apenas o ar interno, os clientes passando mal e se abanando. Um negócio tenebroso”.

Segundo João, depois da denúncia, nada foi feito: “A denúncia que o time fez não deu em nada. Inclusive disseram que ele foi elogiado. A gente tinha provas, prints, datas para o banco buscar nas câmeras e não deu em nada. Até que ele começou a se vingar de um a um: transferiu fulano, colocou ciclano em uma plotagem ruim em relação ao resultado, me desligou”, afirmou.

Após o desligamento de João, no último dia 5 de novembro, ele formalizou uma denúncia detalhada ao chamado “balcão” interno do banco, incluindo prints de conversas. A denúncia teria se espalhado rapidamente entre os funcionários, e muitos colegas o apoiaram, segundo ele. O gestor denunciado foi demitido apenas no dia 2 de janeiro, mas o ex-gerente diz que nunca recebeu retorno, pedido de desculpas ou esclarecimento da instituição. Hoje, João afirma que o ex-gestor que causou toda a dor de cabeça se realocou no mercado e está em outro banco conhecido.

Impacto emocional e crise de saúde mental
O período para João foi tão traumático que chegou a pensar em tirar a própria vida. “Eu faço terapia no SUS. Eu tinha muita resistência para começar a tomar remédio, e aí, em agosto, um anjo apareceu na minha vida: a doutora Michele. É transformador, sabe? No meio deste ano, eu acordava e ficava deitado ali até às 16h, sem vontade de levantar, com vontade de desistir. Com medo de passear com meus cachorros e eles serem atropelados, de descer na rua e tomar um tiro”, relatou. João vem se recuperando aos poucos, apesar das sequelas emocionais e físicas, incluindo uma hérnia de disco, que, segundo ele, resultou da rotina no banco.

Hoje afastado pelo INSS, João enfrenta dificuldades para retornar ao mercado de trabalho, mas afirma que perdeu o medo de expor sua história. “Qualquer empregador que veja uma entrevista minha falando sobre assédio moral, sexual, LGBTfobia, ou um vídeo meu publicando um relato de situações desumanas e inapropriadas, e deixe de me contratar por causa disso, eu nem quero esse emprego. Não quero correr esse risco de novo”, disse.

Ele confirma também que move um processo judicial contra o Itaú, sob segredo de Justiça, em trâmite há um ano. “As justificativas do banco em relação à minha demissão são patéticas. Enfim, a Justiça demora, não é rápido, não é fácil, mas eu quero os meus direitos com certeza absoluta”.

O que diz o banco Itaú
O portal LeoDias entrou em contato com o banco Itaú para obter posicionamento sobre o caso, com perguntas específicas sobre detalhes da entrevista. Ao comentar o caso, a instituição se limitou a responder com a seguinte nota oficial:

“O Itaú Unibanco repudia qualquer forma de assédio moral, sexual ou discriminação. O banco mantém canais independentes e seguros para denúncias, conduz apurações com rigor e aplica medidas disciplinares quando procedentes. A instituição também investe continuamente em treinamentos, protocolos e ações para promover um ambiente de trabalho íntegro, diverso e respeitoso. Por política interna, o Itaú Unibanco não comenta casos específicos”.

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