6 dezembro 2025

Indicado ao STF, Jorge Messias tem perfil técnico, fé evangélica e proximidade com Lula

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A escolha de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF) reorganiza mais uma peça no tabuleiro político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aos 45 anos, o atual advogado-geral da União, um nome de confiança do governo e figura recorrente nos bastidores jurídicos de Brasília, se tornou o terceiro indicado de Lula ao tribunal durante o atual mandato. No entanto, sua nomeação ainda depende do aval do Senado Federal após sabatina obrigatória na Comissão de Constituição e Justiça.

Natural do Recife, formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutor pela Universidade de Brasília (UnB), Messias consolidou uma reputação de técnico disciplinado. Ele chegou à Advocacia-Geral da União (AGU) em 2007 como procurador da Fazenda Nacional e, desde então, ocupou cargos estratégicos na Esplanada, como consultor jurídico em ministérios, secretário no Ministério da Educação (MEC) e subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil no governo Dilma Rousseff.

Veja as fotosAbrir em tela cheia Lula e Jorge MessiasDivulgação: Governo Federal Jorge Messias, advogado-geral da UniãoReprodução: Agência Brasil Jorge Messias, advogado-geral da União do governo LulaFoto: José Cruz/Agência Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do BrasilFoto: Ricardo Stuckert Luís Roberto Barroso deixa o cargo de presidente do STF a partir desta sexta-feira (17/10)Foto: Antonio Augusto/STF

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Foi nesse período que seu nome ganhou projeção nacional. Em 2016, uma ligação telefônica entre Dilma e Lula, grampeada no contexto da Lava Jato, tornou o assessor conhecido como “Bessias”, alcunha que o acompanharia nos anos seguintes. O episódio o transformou em símbolo de lealdade dentro do PT e também em alvo de desgaste político.

No retorno de Lula ao Planalto, Messias assumiu o comando da AGU em 2023. À frente do órgão, atuou diretamente na defesa institucional do governo, desde ações que buscavam responsabilizar os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro até iniciativas contra a desinformação. Também coordenou litígios complexos com impacto bilionário, como disputas sobre precatórios, revisão da vida toda e correção do FGTS.

Apesar do alinhamento político, Messias se define pela atuação técnica. Sua tese de doutorado, defendida na UnB, critica excessos do Judiciário durante o Mensalão e a Lava Jato, apontando um “conservadorismo” e “partidarização” do tribunal na época. Para ele, a judicialização é parte da institucionalidade pós 1988, mas deve servir como instrumento de implementação de políticas públicas e não como arena de disputas político-partidárias.

Outro traço que chama atenção é sua inserção no universo evangélico. Membro de uma igreja batista desde a infância, Messias frequenta cultos semanalmente. Esse vínculo lhe garantiu boa receptividade na bancada evangélica, embora nomes mais alinhados ao Partido Liberal (PL) considerem a escolha um gesto simbólico, e não necessariamente representativo do grupo.

Com a aposentadoria compulsória apenas aos 75 anos, Messias poderá permanecer no Supremo até 2055. Se aprovado pelo Senado, herdará cerca de 900 processos deixados por Luís Roberto Barroso.

Discreto, casado, pai de dois filhos e torcedor do Sport, Messias evita holofotes, mas a indicação ao STF o coloca no centro de tensões políticas, institucionais e sociais.

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