5 dezembro 2025

Modelo é atacada por 4 na zona leste de SP: “Transfobia é cruel”

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Uma mulher trans, moradora de Guaianases, na zona leste de São Paulo, foi atacada por vizinhos nesse sábado (15/11). A modelo e atriz Patty Michelletti, de 26 anos, recebeu golpes de faca e até tijoladas. Segundo ela, os agressores são dois homens e duas mulheres.

“Eles foram para me matar. A sorte é que eu tenho uma vizinha que me conhece desde pequena, que sempre gostou de mim. Ela e as filhas dela foram me defender, me colocaram para dentro porque eu estava sangrando muito”, conta Patty. “Foi quando liguei para o meu pai. Ele chegou e me levou ao hospital, porque eu já estava muito mal”, lamenta.

Após o episódio, a modelo registrou um boletim de ocorrência. “Chamei a polícia, mas eles [agressores] fugiram do flagrante. No hospital, precisei tomar ponto na cabeça e nos braços”, destaca.

A agressão foi gravada por câmeras de segurança. Veja:

“Transfobia é cruel”

Após a agressão coletiva, Patty não se sente segura para voltar a morar na região. A modelo está hospedada em outro lugar, mas “em pânico” e com muito medo.

“Nada justifica uma tentativa de assassinato”, aponta. “A transfobia é cruel. A gente cresce acreditando que isso acontece longe, até o dia em que quase viramos estatística”, avalia.

3 imagensOs agressores usaram facas e tijoloPatty Michelletti é modelo e atrizFechar modal.1 de 3

Mulher trans, de 26 anos, foi atacada por vizinhos

Material cedido Metrópoles2 de 3

Os agressores usaram facas e tijolo

Material cedido Metrópoles3 de 3

Patty Michelletti é modelo e atriz

Instagram/Reprodução


Histórico de preconceito contra modelo trans

Quando começou a transição como mulher trans, Patty se mudou da casa em que cresceu. Há dois anos, ela voltou ao local para morar com a tia, que também é trans.

Na rua em que vivem, segundo a modelo, elas lidam frequentemente com o preconceito. “Estão sempre cometendo transfobia, sempre que me veem na rua fazem ‘piadinhas’”, indigna-se.

Nesse fim de semana, ao chegar do trabalho, a modelo ficou sabendo que a tia havia se desentendido mais cedo com uma das vizinhas após interferir em uma situação na qual a mulher estava gritando com uma criança.

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“Chegaram na porta da minha casa, começaram a ser extremamente transfóbicos com minha tia e ameaçando de bater na minha tia. Foram pra cima e tudo, só que na hora um amigo da minha tia chegou e botou ela para dentro e não deixou que nada acontecesse com ela”, relata Patty. “Quando eu cheguei do trabalho, umas 17h, eu fiquei sabendo disso e fui na porta delas amigavelmente conversar”, completa.

Segundo Patty, a vizinha abriu a janela e proferiu falas transfóbicas. “Ficou falando meu nome morto, dizendo que eu era ‘viado’, que ela tinha ‘buceta’, que ela que era mulher. A gente discutiu”, relembra.

Por volta das 21h, quando a modelo se preparava para dormir, os quatro vizinhos arrombaram o portão da casa de Patty e invadiram o quintal. “Pegaram a minha tia pelo cabelo, jogaram no portão de casa, minha tia estava toda esticada lá no chão. Quando eu saí correndo, vi
aquilo e coloquei a minha tia para dentro”, descreve.

Patty então viu que os vizinhos estavam todos armados com facas. “Tinha mais de uma pessoa pra me agredir. Eram duas mulheres, dois homens, fora as outras pessoas que foram se intrometendo, inclusive criança me chutando no chão”, conta.

“Um deles já me deu uma voadora, com dois pés no peito. Eu caí perto da lixeira, aí eu vi que uma dessas mulheres ia tacar bloco em mim,
um tijolo. Fui para cima dela e tudo, para poder me defender. Aí veio outra mulher e me deu uma facada na cabeça, e o marido dela me
deu um soco no rosto”, conta. Só estava defendendo o meu rosto, porque eu trabalho com a minha imagem, e não queria que machucasse o meu rosto. Então, cortou a minha mão. Na hora que ela foi me dar uma facada no meu pescoço, cortou o meu braço”, detalha.

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