7 dezembro 2025

Operação em Manaus desmantela esquema de “cocaína negra” escondida em mansão de luxo

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'Cocaína negra': investigadores encontraram a droga escondida em fundos falsos. — Foto: Reprodução/TV Globo
‘Cocaína negra’: investigadores encontraram a droga escondida em fundos falsos. — Foto: Reprodução/TV Globo

Uma operação do Departamento de Investigação sobre Entorpecentes (Denarc) revelou, em Manaus (AM), um sofisticado esquema de tráfico que utilizava uma mansão de alto padrão como depósito e ponto de distribuição de drogas. No local, agentes encontraram cerca de 40 quilos de “cocaína negra”, uma versão modificada do entorpecente desenvolvida para burlar cães farejadores e testes rápidos.

A mansão, localizada no bairro nobre da Ponta Negra, estava equipada com heliporto, campo de futebol e ampla estrutura de lazer características que, segundo o Denarc, “a princípio, a colocavam acima de qualquer suspeita”. No entanto, investigações apontavam que o imóvel funcionava como base de armazenamento para o tráfico internacional.

No dia 17 de outubro, os policiais cumpriram mandado no endereço e apreenderam 16 quilos de cocaína branca e um caderno com anotações do tráfico. Em meio às páginas, os agentes encontraram informações que chamaram atenção: “40 quilos, 42 quilos dentro de cadeiras e de quadros”.

A partir disso, a equipe retornou ao local, desta vez com cães farejadores. Mesmo assim, nada foi encontrado de imediato  o que reforçou a suspeita de que a droga pudesse ter passado por algum tipo de modificação química.

'Cocaína negra': polícia apreende em Manaus droga 10x mais cara e indetectável por cães e testes rápidos — Foto: TV Globo/Reprodução

Como a droga foi localizada

Na busca manual, os policiais descobriram fundos falsos em móveis e quadros da casa. Dentro deles estavam os pacotes da chamada cocaína negra, que não reage aos testes preliminares e não exala o odor tradicional identificado pelos cães.

“Os criminosos modificam a droga com carvão ativado e corantes, formando um complexo químico capaz de enganar tanto os animais quanto os reagentes”, explicou a perita Midori Hiraoka.

Alto valor no mercado internacional

Segundo o delegado-geral Bruno Fraga, a cocaína negra possui alto valor agregado por ser difícil de detectar podendo ser vendida por um preço até dez vezes maior que o da versão comum. A investigação indica que o entorpecente veio do Peru e tinha como destino final a Austrália, um dos mercados mais lucrativos do mundo para o tráfico.

Rota tradicional do tráfico pela Amazônia

A droga teria chegado ao Amazonas pela rota do rio Solimões, que atravessa a Amazônia desde a tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. A via fluvial, usada há décadas por organizações criminosas, hoje é controlada por facções como o Comando Vermelho.

Somente em 2024, segundo o secretário de Segurança do Amazonas, coronel Vinícius Almeida, o estado apreendeu 43,2 toneladas de drogas, um recorde histórico. Em 2025, o número já ultrapassa 39 toneladas.

Na mansão, foram presos os caseiros German Alonso Pires Rodrigues e Jeyme Farias Batalha, ambos peruanos. A defesa informou que solicitou um novo depoimento, mas não comentou sobre o conteúdo apreendido.

A proprietária da mansão, a peruana Liege Aurora Pinto da Cruz, de 74 anos, estava fora do país no dia da operação e permanece no exterior. Em nota, sua defesa afirmou que ela se colocou à disposição das autoridades e que utilizava a casa apenas em finais de semana. O local onde a droga foi encontrada, segundo a nota, seria um anexo utilizado exclusivamente pelos caseiros.

Por Fantástico

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