A exibição de cinco minutos completos da dança de acasalamento de um jacaré no “Fantástico” no último domingo (23) levanta uma questão simples. Para quem isso é feito? A cena pode ter valor científico e visual, mas a escolha de colocá-la em horário nobre parece mais uma obrigação de pauta do que um conteúdo pensado para o público que está ali no domingo à noite.
O “Fantástico” sempre tentou equilibrar jornalismo, entretenimento e curiosidades do mundo natural. Só que nem todo tipo de curiosidade funciona da mesma forma. Cinco minutos de um jacaré vibrando o corpo para fazer a água tremer pedem um público disposto a acompanhar esse tipo de registro. A maior parte das pessoas que assiste ao programa não está buscando isso. Quer algo que prenda, que informe, que emocione ou que traga novidade real. Não algo que se arraste na tela.
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A impressão é que existe uma cota não oficial para temas de natureza. E, quando ela aparece, entra no pacote sem medir o grau de interesse. O problema não é mostrar o Pantanal, nem valorizar a fauna brasileira. O problema é gastar tempo de destaque com uma cena que não dialoga com o ritmo do programa nem com a expectativa do público.
O resultado é simples. Parece enrolação. Parece que a emissora colocou o conteúdo só porque veio pronto da NBC. E o espectador percebe isso. Em vez de enriquecer o programa, a sequência só reforça a sensação de que certos conteúdos entram no ar por obrigação, não por relevância.






