7 dezembro 2025

Secas extremas na Amazônia deixam mais de 436 mil estudantes sem aulas, aponta Unicef

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Seca extrema reduz capacidade da Amazônia de estocar carbono
Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace – 04/10/2024

As secas históricas que atingiram a Amazônia em 2024 tiveram um impacto direto e profundo na educação. Um levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revela que 436 mil alunos ficaram sem aulas em toda a região por causa de eventos climáticos, especialmente a queda drástica no nível dos rios — principal via de transporte escolar para milhares de comunidades.

Com os rios secos, motores de embarcações quebraram, rotas ficaram inviáveis e diversas localidades ficaram isoladas. O problema não afetou apenas a frequência dos estudantes: também prejudicou o abastecimento de água e o funcionamento de serviços essenciais nas comunidades ribeirinhas.

O Unicef aponta que mais de 1.700 escolas e 760 unidades de saúde foram fechadas ou ficaram inacessíveis ao longo da estiagem. Educadores relatam que, em muitos casos, mesmo quando as aulas poderiam continuar, o calor excessivo dentro das salas — muitas sem ventilação adequada ou climatização — dificultou o aprendizado.

O tema ganhou destaque durante a COP 30, realizada em Belém e encerrada no último sábado (22). Crianças e adolescentes participaram de ações simbólicas cobrando políticas públicas mais robustas para enfrentar a crise climática e proteger a infância na região amazônica.

Além da educação, a seca severa atingiu outras áreas: reduziu o acesso à água potável, comprometeu a agricultura familiar e inviabilizou a navegação, que é vital para o transporte de pessoas e o escoamento da produção local.

O estudo “Aprendizagem Interrompida: Panorama Global das Interrupções Escolares Relacionadas ao Clima em 2024” mostrou que 242 milhões de crianças e jovens no mundo tiveram rotinas escolares afetadas por emergências climáticas no ano passado.

No Brasil, os dados revelam a dimensão do problema:

  • 1,17 milhão de estudantes ficaram sem aulas por eventos climáticos em 2024;

  • O número médio de dias letivos perdidos dobrou: de 5 em 2023 para 10 em 2024;

  • 77% das escolas brasileiras não possuem plano de emergência;

  • 90% nunca realizaram simulações de risco;

  • 57,6% dos alunos do ensino médio estudam em áreas com baixa resiliência a enchentes;

  • 8 milhões de estudantes frequentam escolas vulneráveis à seca.

O Unicef alerta que, sem ações estruturadas e políticas de prevenção, as interrupções escolares tendem a se tornar cada vez mais frequentes, afetando o desenvolvimento de toda uma geração.

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