13 dezembro 2025

Apagão em São Paulo: o que causou a queda de energia e por que a luz não voltou

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

A Região Metropolitana de São Paulo enfrenta, pelo terceiro dia consecutivo, uma crise no fornecimento de energia elétrica. Segundo dados divulgados pela Enel às 23h desta sexta-feira (12/11), 567.605 clientes permaneciam sem luz em toda a área de concessão da empresa, o equivalente a 6,67% do total. Na capital paulista, são 389.119 imóveis afetados, o que representa 6,70% dos consumidores da cidade.

O problema começou após um vendaval registrado na quarta-feira (10/12), quando um ciclone extratropical atingiu a Grande São Paulo. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as rajadas de vento chegaram a 98 km/h e o evento climático durou cerca de 12 horas.

Veja as fotosAbrir em tela cheia Vista do cruzamento da Avenida Henrique Schaumann com a Rua Teodoro Sampaio com os semáforos desligados por falta de energia elétrica, na zona oeste de São PauloReprodução/foros desligados por falta de energia elétrica, na zona oeste de São Paulo, no domingo, 13 de outubro de 2024. — Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO Apagão se arrasta em São Paulo e deixa mais de meio milhão de imóveis sem energiaReprodução Céu escuro antes da chuva forte na região do BrásReprodução

Voltar
Próximo

Leia Também

Famosos
“Achei que a gente fosse morrer”: Bárbara Evans relata pavor em voo para São Paulo

Carla Bittencourt
Ventania no Rio de Janeiro causa estragos em cenários das novelas da Globo

Redes Sociais
Alerta máximo: temporal do terror no RS rompe barragem. 14,5 mil pessoas estão fora de casa

Notícias
Água no deserto? Chuvas no Saara formam lagoas em volta de dunas

Por que a energia caiu
A ventania provocou quedas de árvores, galhos e objetos sobre a rede elétrica, além de danos em postes, transformadores e cabos. O Corpo de Bombeiros recebeu mais de 1,3 mil chamados relacionados à queda de árvores durante o episódio.

No pico do apagão, ainda na quarta-feira, cerca de 2,2 milhões de imóveis ficaram sem energia na Grande São Paulo. Até esta sexta, aproximadamente 1,8 milhão de clientes tiveram o fornecimento restabelecido. No entanto, novos desligamentos foram registrados na manhã de quinta-feira (11/12), após novos ventos atingirem a região, elevando novamente o número de afetados.

O que diz a Enel
A Enel afirma que o restabelecimento do serviço é mais demorado em algumas áreas por envolver reconstrução da rede elétrica. “Em algumas localidades, o restabelecimento é mais complexo, porque envolve a reconstrução da rede, com substituição de postes, transformadores e, por vezes, recondução de quilômetros de cabos”, informou a concessionária em nota.

A empresa declarou ter mobilizado cerca de 1.600 equipes em campo para atuar na recomposição do sistema, mas, até esta sexta-feira, não apresentou um prazo definitivo para a normalização completa do fornecimento de energia.

Decisão da Justiça e atuação do Ministério Público
Diante da persistência do apagão, a Justiça de São Paulo acatou um pedido do Ministério Público e determinou que a Enel restabeleça imediatamente a energia elétrica no estado. Pela decisão, o fornecimento deve retornar em até quatro horas para estabelecimentos prioritários e em até 12 horas para os demais consumidores.

Na decisão, o Judiciário apontou falhas na comunicação da concessionária. “Mesmo com a mobilização tardia de equipes, a empresa não forneceu previsão clara e precisa de restabelecimento, ampliando a vulnerabilidade de idosos, crianças, pessoas com deficiência e eletrodependentes, além de paralisar unidades de saúde e atividades econômicas”, diz o texto.

O promotor Denilson de Souza Freitas solicitou que, em caso de descumprimento, seja aplicada multa de R$ 200 mil por hora. A Defensoria Pública assinou a ação junto ao Ministério Público.

Impactos na rotina e serviços essenciais
A falta de energia tem provocado prejuízos em serviços e atividades econômicas. A Ceagesp, maior central de abastecimento da América do Sul, ficou mais de 40 horas sem luz e só teve o fornecimento restabelecido nesta sexta-feira.

A Prefeitura de São Paulo notificou a Enel e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) após constatar que o pátio de veículos da concessionária permaneceu lotado nos primeiros dias da crise. Segundo o município, apenas uma fração dos veículos de atendimento circulava pelas ruas enquanto moradores seguiam sem energia. A Enel afirmou que mantém veículos reserva para evitar atrasos na troca de turnos das equipes.

Histórias de quem foi mais afetado
Entre os mais prejudicados estão famílias com idosos, doentes e pessoas acamadas. No Jardim Bonfiglioli, na zona oeste da capital, o produtor de eventos Luiz Felipe Lima relatou ao g1 dificuldades para cuidar dos pais idosos sem energia elétrica há três dias.

A mãe, de 85 anos, está acamada após sofrer dois acidentes vasculares cerebrais, e o pai, de 80, depende de medicamentos que precisam ser mantidos refrigerados. “São três dias sem energia e a gente liga para a Enel e só consegue conversar com um robô maldito, que sequer nos encaminha para um atendente”, afirmou.

Segundo ele, a cama elétrica da mãe travou, dificultando os cuidados diários, enquanto alimentos e remédios começaram a estragar. “As compras do mês todo estragaram, mas você acha que a Enel vai recompensar nosso prejuízo com comida e remédio? Claro que não. Mas eu vou procurar meus direitos e processar a empresa com toda certeza”, disse.

Luiz Felipe também relatou que há um asilo com cerca de cem idosos na mesma rua, igualmente afetado. “É um descaso a não priorização dos casos urgentes por falta de planejamento da empresa. Uma hora dizem que vai chegar às 6 horas, outra hora às 10. Todo mundo entra em um buraco sem fundo de reclamações na Central da empresa”, lamentou.

Por que alguns bairros têm luz e outros não
Especialistas explicam que a falta de energia em apenas parte de um bairro ou quarteirão está relacionada à forma como a rede elétrica é construída. Segundo o professor Eduardo Nobuhiro Asada, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, as redes de distribuição são projetadas de forma radial, com diferentes ramificações alimentando áreas próximas.

“Geograficamente, podem existir instalações próximas, porém alimentadas por ramificações diferentes”, explicou ao Uol. Além disso, dispositivos de proteção podem isolar apenas trechos específicos da rede em caso de falhas. Segundo o professor, eventos climáticos extremos já são esperados e exigem planejamento contínuo e melhorias estruturais por parte das concessionárias.

- Publicidade -

Veja Mais