19 dezembro 2025

Após prisão do irmão, filho de Cid Moreira divulga carta em tom de desabafo; leia

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Roger Moreira, filho adotivo de Cid Moreira, divulgou uma carta após a prisão de seu irmão, Rodrigo Radenzév Simões Moreira, ocorrida na última segunda-feira (8/12), em São Pedro, no interior de São Paulo. Rodrigo foi detido em flagrante por tráfico de drogas e posse irregular de arma de fogo, após a ex-mulher registrar um boletim de ocorrência no qual relatou ter sido ameaçada com um revólver e solicitou medida protetiva.

No texto, enviado para o apresentador Arthur Pires, o Tutu do Camarote da Fofoca (LeoDiasTV), Roger afirma que decidiu se manifestar não para justificar crimes ou violências, mas para contextualizar trajetórias familiares marcadas por abandono e ausência afetiva. “Sou Roger, filho adotivo de Cid Moreira. E escrevo não para justificar erros, crimes ou violências — porque nada disso se justifica —, mas para contextualizar histórias que começaram muito antes do que hoje vira manchete”, escreveu.

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Ao longo da carta, Roger descreve o apresentador como uma figura profissionalmente admirada, mas emocionalmente distante no ambiente familiar. “Cid Moreira foi um homem brilhante na profissão, admirado por milhões. Mas, dentro de casa, foi um pai ausente, emocionalmente distante e, muitas vezes, cruel em seus julgamentos”, afirmou.

Sobre Rodrigo, Roger relata que o irmão biológico de Cid Moreira teria sido abandonado ainda na infância. “Rodrigo, filho biológico, fruto de um relacionamento extraconjugal, foi abandonado pelo pai ainda criança, por volta dos três anos de idade. Cresceu sem referência paterna, sem afeto, sem cuidado”, escreveu, acrescentando que o abandono pode resultar em comportamentos autodestrutivos, embora não isente responsabilidades individuais.

A carta também aborda a história de outros membros da família, como Jaciara, filha de Odimeia, e de seu filho Alexandre, descrevendo episódios de rejeição, problemas de saúde mental e morte precoce. Roger afirma que essas trajetórias refletem os efeitos da ausência emocional e do preconceito dentro do núcleo familiar.

Ao falar sobre sua própria experiência, Roger diz que a relação com o pai adotivo foi marcada por expectativas e condicionamentos. “Fui adotado porque correspondia ao padrão que ele desejava: imagem, comportamento, utilidade. Enquanto servi às expectativas dele, fui aceito. Quando quis viver minha própria vida, assumir quem sou, amar, existir fora do controle dele, passei a ser rejeitado”, relatou.

Em relação à prisão do irmão, Roger afirma que o episódio lhe causa tristeza, mas não surpresa. “Hoje, ver Rodrigo envolvido em violência doméstica, drogas e armas não me causa surpresa — causa tristeza. Tristeza profunda”, escreveu, reforçando que “nada justifica a agressão a uma mulher”, mas que compreender origens não significa relativizar crimes.

No trecho final, Roger afirma que decidiu apoiar o irmão neste momento. “Neste momento difícil, eu jamais poderia largar da mão do meu irmão. Jamais”, escreveu, dizendo que se afastar agora significaria repetir o abandono vivido ao longo da vida. “Estender a mão não é passar pano; é tentar impedir que uma história de dor continue produzindo tragédias”, acrescentou.

A carta termina com uma reflexão sobre abandono emocional e seus efeitos. “Porque se há algo que aprendi com toda essa história é que o abandono mata aos poucos — e eu me recuso a ser parte disso”, concluiu.

Leia a carta completa:
“Falar sobre dor nunca é simples.

Falar sobre família, abandono e suas consequências, menos ainda.

Sou Roger, filho adotivo de Cid Moreira. E escrevo não para justificar erros, crimes ou violências — porque nada disso se justifica —, mas para contextualizar histórias que começaram muito antes do que hoje vira manchete.

Cid Moreira foi um homem brilhante na profissão, admirado por milhões. Mas, dentro de casa, foi um pai ausente, emocionalmente distante e, muitas vezes, cruel em seus julgamentos.

Rodrigo, filho biológico, fruto de um relacionamento extraconjugal, foi abandonado pelo pai ainda criança, por volta dos três anos de idade. Cresceu sem referência paterna, sem afeto, sem cuidado. O abandono não desaparece com o tempo — ele se transforma. Em muitos casos, vira revolta, autodestruição, dependência química, escolhas ruins. Nada disso isenta responsabilidades individuais, mas explica origens.

Jaciara, filha de Odimeia, era uma jovem extremamente inteligente, culta, falava línguas, tinha uma voz linda e um futuro promissor. Mas também foi vítima da rejeição, do preconceito e da falta de afeto do próprio pai. Sofreu por não se encaixar em padrões físicos e morais impostos por ele. Afundou-se no uso de drogas, teve sua saúde mental profundamente afetada e passou por sucessivas internações psiquiátricas. Sua história é um retrato cruel de como a ausência emocional pode destruir talentos e vidas.

Durante uma dessas internações, Jaciara teve um filho, Alexandre. Um jovem sensível, artístico, afeminado — tudo aquilo que o avô abominava. Alexandre tentou seguir carreira artística, sonhou, foi ridicularizado, inclusive pelo próprio avô, por “não parecer homem o suficiente”. Pouco depois, morreu tragicamente aos 21 anos, em um acidente de carro. Uma vida interrompida cedo demais, carregando o peso de rejeições que nunca deveriam ter existido.

Eu, filho adotivo, também não escapei ileso. Fui adotado porque correspondia ao padrão que ele desejava: imagem, comportamento, utilidade. Enquanto servi às expectativas dele, fui aceito. Quando quis viver minha própria vida, assumir quem sou, amar, existir fora do controle dele, passei a ser rejeitado. O vínculo foi rompido de forma violenta, a ponto de se tentar desfazer até a própria adoção. O amor, ali, sempre foi condicionado.

Hoje, ver Rodrigo envolvido em violência doméstica, drogas e armas não me causa surpresa — causa tristeza. Tristeza profunda. Porque essas histórias não nascem do nada. Elas são frutos de abandono, rejeição, silêncio, preconceito e ausência de afeto.

Nada justifica a agressão a uma mulher. Nada. Mas compreender a origem das feridas não é passar pano — é romper ciclos.

Todos nós, filhos de Cid Moreira, carregamos sequelas gravíssimas dessa criação. Alguns não resistiram. Outros seguem lutando para não repetir a mesma história.

Que esse caso sirva não para espetáculo, mas para reflexão:

o abandono emocional mata, adoece e destrói — mesmo quando vem de pessoas inteligentes, influentes e admiradas.

O silêncio também é uma forma de violência.

Quero deixar algo absolutamente claro.

Neste momento difícil, eu jamais poderia largar da mão do meu irmão. Jamais.

Não porque eu concorde com erros ou violências — porque não concordo —, mas porque abandoná-lo agora seria repetir exatamente a violência que o marcou a vida inteira.

Meu irmão passou a vida sendo rejeitado, afastado, invisibilizado. Cresceu sem afeto, sem acolhimento, sem referência paterna. Virar as costas para ele justamente quando ele precisa de ajuda seria mais um abandono, e eu não carrego isso na minha consciência.

A responsabilidade individual existe, e deve existir. Mas a responsabilidade humana também. Estender a mão não é passar pano; é tentar impedir que uma história de dor continue produzindo tragédias.

Também é impossível ignorar que o afastamento entre pai e filhos se aprofundou ainda mais nos últimos anos de vida de Cid Moreira. Esse afastamento não aconteceu por acaso. Ele foi incentivado, alimentado e mantido por quem esteve ao lado dele no final da vida — especialmente por ELA , pessoa que mais se beneficiou financeiramente dessa ruptura.

Fala-se muito em Deus, em fé, em moral cristã. Mas que fé é essa que não promove reconciliação?

Que fé é essa que não incentiva um pai a conversar com os próprios filhos, a ouvir, a acolher, a tentar compreender?

Uma pessoa de boa índole não afasta.

Uma pessoa de boa índole não estimula julgamentos, não alimenta rancores, não transforma conflitos familiares em muros intransponíveis.

A vida inteira fomos julgados. Julgados por aparência, por escolhas, por quem somos. E isso destrói.

Eu escolho não julgar.

Escolho não abandonar.

Escolho não repetir a violência emocional que atravessou gerações nessa família.

Ajudar meu irmão agora não é negar o que aconteceu.

É tentar impedir que o abandono continue fazendo mais vítimas.

Porque se há algo que aprendi com toda essa história é que o abandono mata aos poucos — e eu me recuso a ser parte disso”.

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