A embarcação bombardeada duas vezes por militares norte-americanos no Caribe, no dia 2 de setembro deste ano, não tinha os Estados Unidos como destino. Os supostos traficantes venezuelanos estavam indo ao Suriname, na América do Sul.
O ataque, que não deixou sobreviventes, foi o primeiro de uma série de mais de 20 bombardeios realizados por militares norte-americanos no Caribe e no Pacifico, como parte de uma ação para combater o tráfico internacional de drogas para os Estados Unidos. Confira vídeo do primeiro bombardeio:
O almirante Frank Bradley, que supervisionou a primeira operação militar, prestou esclarecimentos para deputados e senadores dos EUA na última quinta-feira (4/12), de acordo com a CNN Internacional, e revelou a informação.
No Suriname, os supostos traficantes tinham um encontro marcado com uma embarcação maior. A investigação dos EUA aponta que a rota de tráfico que passa pelo Suriname tem como destino os mercados da Europa.
A nova informação vai contra a justificativa que o presidente dos EUA, Donald Trump, deu ao ataque do dia 2 de setembro. Em publicação após a operação, o republicano justificou que “os terroristas estavam em alto-mar, em águas internacionais, transportando narcóticos ilegais com destino aos Estados Unidos”.
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Democratas dizem que bombardeio foi um crime de guerra
O bombardeio do dia 2 de setembro tornou-se um dos principais assuntos dos Estados Unidos na última semana, por conta de acusações de crime de guerra cometido pelos militares.
Um relatório mostrou que ao menos dois dos 11 tripulantes sobreviveram ao primeiro bombardeio, e chegaram a acenar por socorro. No entanto, de acordo com o jornal Washington Post, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, autorizou um segundo ataque.



Ataque dos EUA a barco no Cariba
Reprodução/Comando Sul dos Estados Unidos (SOUTHCOM)
Ataque dos EUA a barco venezuelano
Divulgação/Redes Sociais
Ataque dos EUA a barco no Pacífico
Reprodução/Redes sociais
Ataque dos EUA a barco no Pacífico
Divulgação/Departamento de Guerra dos EUA
Em pronunciamento, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou o segundo ataque, sob justificativa de “garantir a destruição do barco”. No entanto, o manual do Pentágono sobre direito de guerra determina que combatentes “feridos, doentes ou náufragos” não representam mais uma ameaça e não devem ser atacados.
Parlamentares democratas acusam as Forças Armadas dos EUA de crimes de guerra, e convocaram o comandante da operação, almirante Mitch Bradley, e o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Dan Caine, para prestar esclarecimentos ao Congresso, no Capitólio.
Após a audiência, onde os vídeos das operações foram exibidos, os parlamentares conversaram com a imprensa e demonstraram preocupação com a operação militar na América Latina.
O deputado democrata Jim Himes disse a repórteres que os dois sobreviventes do primeiro ataque pareciam estar “em claro sofrimento, sem qualquer meio de locomoção”, e classificou o segundo ataque como “uma das coisas mais perturbadoras que já vi em meu tempo no serviço público”.
Os parlamentares republicanos diminuíram a importância do caso e defenderam a operação. O senador Tom Cotton classificou a ação militar como “totalmente legal e necessária”.
O presidente Donald Trump disse na quarta-feira (3/12) que apoiava o segundo ataque. “Eu apoio a decisão de afundar os barcos”, afirmou para jornalistas.








